Dobro ou até o triplo de plumas! Este é o resultado que pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão alcançando em uma lavoura de algodão por meio da adoção de um bom manejo de irrigação e controle de pragas agrícolas na fase produtiva. O estudo tem demonstrado que esta é uma opção possível para o desenvolvimento e o retorno em grande escala desse cultivo em todo o Paraná, em especial na região do Arenito Caiuá, no noroeste do estado, que apresenta características climáticas favoráveis.
Os experimentos são realizados no Câmpus Fazenda de Umuarama-PR, em plantio de 3 hectares, com previsão de colheita para a semana que vem. “A área irrigada por aspersão apresenta entre duas e três vezes mais plumas [até 80 capulhos por metro] do que a sem irrigação, demonstrando que, mesmo sendo altamente tolerante à seca, a cultura apresenta resposta muito positiva ao fornecimento de água”, aponta o professor João Paulo Francisco, do Departamento de Ciências Agronômicas (DCA) e líder do Grupo de Pesquisa e Extensão em Irrigação e Agrometeorologia (GPEIA), certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fase de abertura do capulho (espécie de capsula natural) e formação da pluma
Em parceria com a Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar), o objetivo da pesquisa agronômica da UEM é promover uma adequada interação entre a planta e o solo, entender melhor a dinâmica do algodoeiro em face das condições meteorológicas e obter altos rendimentos produtivos. E, dessa maneira, fomentar a cultura do algodão como alternativa de plantio em processos de rotação segura e viável com outras culturas. Em âmbito nacional, a lavoura de algodão é uma das mais fortes cadeias produtivas do agronegócio, destacando-se mundialmente.
As pesquisas continuarão ao longo das próximas safras, com trabalhos científicos, tecnológicos e de extensão, repassando dados confiáveis aos agricultores. Desde 2020, Francisco estuda as necessidades hídricas da cultura do algodão para a região do Arenito Caiuá. Os resultados preliminares dos pesquisadores detectam que o plantio a partir do início do inverno não é recomendado e pode gerar menos plumas, em razão das temperaturas baixas. O algodão-safra tem seu plantio regular feito no último trimestre de cada ano e o algodão-safrinha é plantado no primeiro bimestre.
Algodão na fase vegetativa; pesquisa tem parceria com Associação dos Cotonicultores do Paraná (Acopar)
Controle de pragas
Na safra atual, os pesquisadores da UEM avaliaram as consequências de entrada, distribuição e dano do percevejo-marrom, uma praga que migra das lavouras de soja. “Buscamos o desenvolvimento de tecnologias e produtos que possam ser utilizados como soluções viáveis para o controle racional de pragas que possam influenciar a rentabilidade econômica da cultura do algodão”, justifica Julio César Guerreiro, professor do DCA e líder do Grupo de Estudos em Entomologia Agrícola (GEEA). Ele conta que “a cadeia produtiva do algodão no Paraná, que detinha o status de uma das mais importantes do país, tornou-se praticamente insignificante por motivos relacionados à dificuldade de controle de pragas, em específico do bicudo-do-algodoeiro”.
O GEEA, certificado pelo CNPq, estuda desde 2018 “a identificação das principais pragas e inimigos naturais ocorrentes na cultura do algodão, obtendo como possíveis pacotes tecnológicos formas adequadas e economicamente viáveis de amostragem, além da determinação de níveis de controle das principais pragas, disponibilizando alternativas racionais do manejo integrado das potenciais pragas regionais”, finaliza Guerreiro.
Pragas como o bicudo-do-algodoeiro dificultam cultivo; por isso, devem ser controladas