O núcleo Br Cidades Maringá lançou mais dois boletins, um sobre o impacto da Covid-19 na economia local (comércio e serviço) e outro a respeito do monitoramento da Covid-19 no município.
O primeiro documento analisa o período de março a outubro de 2020, em que são mostradas as medidas adotadas pela Prefeitura de Maringá para minimizar os impactos gerados pela pandemia e, de certa forma, propiciar o que se chamou Plano de Retomada Econômica.
Os dois setores mais atingidos foram turismo e hospedagem e o de transporte, logística e armazenagem, sendo este último o que mais demitiu, totalizando 615 funcionários desligados. Turismo e hospedagem dispensou 63 trabalhadores.
Sobre quais localidades tiveram empresas que aumentaram, diminuíram ou mantiveram o faturamento de abril e junho de 2020, a distribuição espacial revela que, em geral, quanto mais distante do centro, maior o número de empresas que reduziram seu faturamento.
Dois setores tiveram contratações e mantiveram o saldo positivo: construção civil e agropecuária. Apesar de o mercado imobiliário formal ter sido impactado logo no início da pandemia, a partir do segundo semestre do ano passado houve retomada de produção na construção civil, de forma lenta.
O crescimento, contudo, foi 4,8% menor do que no mesmo quadrimestre de 2019, conforme dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Isso impactou o setor, que obteve saldo positivo devido à redução de juros e a busca por novos produtos por parte do consumidor da classe A e B, em especial ao desejo pela troca do apartamento pela casa, para melhor acomodar as atividades da família que tiveram de se limitar, em muitos casos, a esse espaço.
Pensar
A análise propiciou pensar ações não somente econômicas, mas urbanísticas, como o incentivo ao comércio e serviço de bairro, fortemente afetados. Outra possibilidade é pensar em ampliação e qualificação de espaços públicos aliados aos espaços comerciais e de serviços, permitindo a eles estarem bem distribuídos no território, evitando maiores deslocamentos e concentração de pessoas por m².
O segundo boletim de monitoramento da Covid-19 para o município se refere ao período de setembro a dezembro de 2020, dando prosseguimento ao boletim anterior, que abrangeu o intervalo de maio a agosto do ano passado. A finalidade é monitorar o comportamento espacial dos casos confirmados no território urbano, trazendo possíveis correlações. Nesta edição, o Br Cidades manteve o mesmo método e objetivo, avaliando todo o período de acesso aos dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde.
Nos últimos meses de análise (setembro a dezembro), a área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Zona 7 concentrou a maior quantidade de casos confirmados, muito superior às demais UBS. Apesar disso, esse comportamento não foi homogêneo no tempo, principalmente em junho e julho, quando a área não se caracterizou com número extremo de casos confirmados.
Como cada caso confirmado por UBS faz referência ao local de moradia da pessoa infectada, a conclusão é que em Maringá a população de maior renda contrai com mais facilidade a Covid que aquelas de rendimento mais baixo. Isso contraria o que se vê nas grandes cidades.
Além do rendimento, foi avaliado se os casos confirmados são maiores em domicílios com mais ou menos moradores. E o resultado encontrado é que quanto menos moradores há por residência, mais existem casos confirmados da doença.
Permanecem algumas perguntas já feitas no Boletim nº 1, uma vez que ainda não há dados por raça/cor, tampouco por bairros, o que permitiria maior refinamento na análise. Mas, por outro lado se reafirma o fato de que em Maringá existe um padrão atípico, onde os casos confirmados concentram-se em rendas mais altas e em porções mais centrais da área urbana.
BR Cidades
A rede de ativismo social Br Cidades possui um núcleo institucionalizado na UEM, por meio do projeto de extensão “A cidade construída coletivamente: o protagonismo social nas políticas públicas em Maringá em direção ao direito à cidade”.
O projeto é vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) e coordenado pela professora Beatriz Fleury e Silva. O núcleo é formado por equipes de diversas áreas, as quais a cidade é o objeto de ação, como Arquitetura e Urbanismo, Geografia, Ciências Sociais, História, Comunicação e Economia.
O objetivo deste núcleo é qualificar a participação dos agentes sociais nas políticas públicas, ao possibilitar sua mais efetiva participação nos momentos em que são chamados para o debate público, mas sobretudo durante o monitoramento das políticas, programas e projetos municipais, de forma a ampliar o alcance do direito urbano e construir novas estratégias de ação para nossas cidades.