O Câmpus Regional do Noroeste (CRN), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), localizada em Diamante do Norte-PR, a 160 quilômetros de distância do câmpus-sede, nesta terça, dia 7 de junho, foi cenário de lançamento de mais uma variedade de mandioca, a BRS 429, desenvolvida por meio de pesquisa conjunta com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Participaram do lançamento: o analista Helton Fleck da Silveira, que é chefe adjunto do setor de Gestão de Transferência e Tecnologia, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Aldo Vilar Trindade e Luis Eduardo Pacifici Rangel, pesquisadores da Embrapa, o vice-reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ricardo Dias, a diretora do câmpus regional do Noroeste (CRN), Alciony Andreia da Cunha Alexandre, o diretor adjunto do Centro de Ciências Agrárias da UEM, Carlos Alberto Andrade, o diretor do Colégio Estadual Agrícola do Noroeste, Ivo Suzuki, o professor do Departamento de Agronomia da UEM, Murilo Fuentes Pelloso e o técnico do CRN, Luiz Alexandre Filho Santos, além do gerente da Mesorregional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná), José Jaime de Lima e a secretária de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Maysa Suguiyama, de Diamente do Norte. Também participaram da solenidade de lançamento da nova cultivar de mandioca, os prefeitos Eliel dos Santos Corrêa, do município de Diamante do Norte; Eliel Celso Maggioni, de Planaltina; Júlio Cesar da Silva Leite (também presidente da Amunpar), de Terra Rica; Gilson José de Gois, de Itaúna do Sul; José Gabriel Gonçalves Fachiano, de Santo Antônio do Caiuá; e Mauro Lemes, de Amaporã. Estiveram presentes ainda alguns veradores de Diamante do Norte (sargento Santos, Rubens Ferreira e João Lourenço da Silva), e contou com a presença do representante do deputado estadual Tião Medeiros (Douglas Arneiro), estudantes, produtores rurais da região noroeste do Paraná e do Pontal do Paranapanema de São Paulo.
Vice-reitor faz referência a um dos precursores da pesquisa experimental em Diamante do Norte: Sabino Leônidas
Para o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias da Silva, o lançamento da nova mandioca é um dia de comemoração produtiva para a pesquisa e para a região de Diamente do Norte. "É uma honra participar desse evento já que um dos pilares da instituição é o desenvolvimento regional e a Universidade tem um papel importante na transformação do nosso Estado, desenvolvendo novos conhecimentos, pesquisas, estudos, projetos de extensão e formando profissionais", mencionou. Dias ainda citou que "o CRN tem esse desafio em fortalecer a presença da nossa instituição no interior do Paraná". O professor aposentado da UEM Sabino Leônidas, um dos precursores da pesquisa experimental em Diamente do Norte também foi lembrado pelo vice-reitor da UEM.
A diretora do CRN da UEM, Alciony Andréia da Cunha Alexandre, comentou que o desenvolvimento do projeto é considerado satisfatório para a região sendo a terceira variedade de mandioca de mesa cultivada no Paraná pela Embrapa em parceria com o CRN e a primeira do Estado de São Paulo. Ela acredita que "os agricultores familiares vão multiplicar esse produto rural para a mesa dos consumidores". E ainda comentou que "sem a contribuição e participação de agricultores, da equipe de pesquisadores, técnicos, professores e servidores do CRN não seria possível ter esse sucesso nessa pesquisa rural".
Alciony Alexandre: BRS 429 é a terceira variedade de mandioca de mesa cultivada no Paraná pela Embrapa em parceria com o CRN
Para a secretária e Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, Maysa Suguiyama, que já trabalhou no CRN, a parceria entre Embrapa e o campus regional mostra que a pesquisa também pode ser feita no interior do estado. "A nova variedade de mandioca é a colheita mediante de parcerias, trabalho científico e estudos de ponta", citou.
O chefe adjunto do setor de Gestão de Transferência e Tecnologia, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Helton Fleck da Silveira, relaciona que a BRS 429 é de excelência já que o trabalho no local foi uma troca de conhecimentos que prosseguirá com uma grande contribuição para toda a região. "Superamos resiliências, etapas difícieis, muita dedicação e o resultado de centenas de materiais passaram por aqui e agora é um momento de comemoração", resumiu.
O pesquisador da Embrapa, Aldo Vilar Trindade, disse que é por meio da tecnologia que é possível promover mudanças "desde o produtor, estudante, até aos consumidores. É um momento máximo, fruto de tantos anos de trabalho. Em função disso, agradecemos a parceria, como aporte de conhecimento e de esforços tanto da Embrapa, quanto da Universidade e de agricultores, dos quais seria impossível consolidar esse trabalho de pesquisa e que agrega vantagens na produção e consumo de um alimento saboroso", argumentou.
Para o pesquisador Eduardo Alano Vieira, da Embrapa Cerrados, a nova variedade de mandioca oferece tratos culturais, alta produtividade e precocidade, além de boas qualidades culinárias. "Com a pesquisa e a parceria técnica, chegamos até essa ramificação de boa altura e de qualidade na mesa do consumidor", afirmou.
Convênio: O convênio entre as duas instituições de pesquisa Embrapa e UEM iniciou no ano de 2009 (com a parceria firmada há mais de uma década) e foi renovado no ano passado (2021) para melhoria e desenvolvimento genético da mandioca, importante alimento na mesa dos brasileiros. O viveiro da chamada de planta básica, que foi desenvolvida no CRN, em Diamente do Norte, de acordo com os técnicos do setor, atingiu uma ramificação alta, quase um metro e meio de cumprimento, na primeira ramificação.
Segundo pesquisadores, essa nova cultivar de polpa amarela se destaca pelo desempenho culinário e sabor. “A produtividade média é de quase 50% em relação às variedades tradicionais produzidas na região noroeste, além de ter potencial para superar 60 toneladas por hectare”, mencionaram.
De acordo com os estudos da Embrapa, entre outras características, a variedade BRS 429 se destaca pela alta produtividade, precocidade, polpa de coloração bem amarela, o que garante a presença de maior quantidade de betacaroteno (precursor da vitamina A), que é preferida dos consumidores, além de raízes com tamanho ideal para o plantio mecanizado, de resistência à bacteriose e ao super alongamento. “A variedade de mandioca de mesa ainda permite o cozimento mais rápido”, comentaram os pesquisadores.
O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Marco Antonio Sedrez Rangel, disse que “a variedade BRS 429 é superior à cultivar convencional e, os resultados dos testes de validação da produção foram considerados satisfatórios para essa região do Paraná e São Paulo”.
Marco Antonio Sedrez Rangel: variedade BRS 429 é superior à cultivar convencional
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rangel relembra que, por meio da parceria, já foram selecionadas e lançadas as variedades BRS 396 e BRS 399. “Elas se caracterizam por ter polpa amarela e teores bem mais altos de carotenoides, que contribuem para a síntese de vitamina A no corpo. São variedades muito produtivas, adaptadas, resistentes às principais doenças, com sabor superior e aptas ao preparo de outros pratos, como bolos, salgados, chips, escondidinhos, nhoques, entre outros”. Chefs de cozinha têm testado e aprovado essas variedades e a procura por ramas para o plantio é intensa em todo o Brasil.
História - A parceria com a Embrapa, no CRN da UEM desde o ano de 2009 permitiu a formação de um importante banco de variedades, adaptadas à região, para manutenção de suas genéticas e atendimento às demandas dos agricultores familiares.
Para a diretora do CRN da UEM, Alciony Andréia da Cunha Alexandre, esse projeto em convênio com a Embrapa, beneficia os produtores do país, inclusive do interior do Paraná e do Estado de São Paulo. “É muito importante para a nossa região, que é formada por agricultores familiares e, o melhor, com ramas de altíssima qualidade”, frisou. Ela citou ainda que diante do trabalho desenvolvido pela equipe do CRN, a Embrapa escolheu o campus regional da UEM em Diamante do Norte para ser um Polo de Distribuição de Mudas, no noroeste do estado.
Esse trabalho começou a ser desenvolvido nos últimos 13 anos, numa pequena área experimental de 12 mil metros quadrados, no CRN, com o engenheiro agrônomo da UEM Sabino Leônidas e o zootecnista Luiz Alexandre Filho, ambos atualmente aposentados. Também participa desde o início dos estudos com sua equipe o pesquisador da Embrapa, Marco Antônio Rangel.
Os estudos para o cultivo de variedades de mandioca foram realizados no com participação do Centro Estadual de Educação Profissional do Noroeste (Colégio Agrícola, instalado no CRN), da Prefeitura de Diamante do Norte, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar/Emater) e de produtores parceiros.
A mandioca é cultivada em todo o território nacional, onde são produzidas quase 18 milhões de toneladas de raízes, anualmente, sendo 87% pela agricultura familiar, constituindo importante fonte de renda e segurança alimentar.
Como parte da estratégia de diversificação de variedades para atender aos anseios do setor produtivo do Centro-Sul do País, a Embrapa, lançou a mandioca de mesa (aipim) BRS 429 para São Paulo e Paraná. É a primeira variedade de mesa da Empresa recomendada para o estado paulista. Já os mandiocultores paranaenses contam, desde 2015, com as variedades BRS 396 e BRS 399 oriundas, assim como a BRS 429, de cruzamentos realizados pela Embrapa Cerrados (DF) e validadas no Centro-Sul pela equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) que atua em campo avançado na região.
Em função da parceria com a Embrapa, disponibilizando área e equipe de campo para a condução dos ensaios, a Fazenda Escola foi escolhida para o lançamento. A contribuição da nova cultivar, que se destaca pela boa qualidade culinária e sabor quase 50% superior à média de produtividade de raízes comerciais, quando comparada ao desempenho das variedades tradicionais das regiões, com potencial para superar 60 ton/ha.
Além de ser altamente produtiva, no Paraná, a produtividade média da BRS 429 foi superior em 25,7% em relação às variedades tradicionais e, no estado de São Paulo, a superioridade alcançou 53,9%. A raiz apresenta um formato mais cilíndrica, mais longa e uniforme, o que confere um aproveitamento comercial maior (no Paraná, 10,5% superior à média dos padrões e, em São Paulo, 4,3% superior); porte ereto da planta (adequado ao plantio mecanizado); precocidade (podendo ser colhida aos oito meses); e moderada resistência às principais doenças que atingem as regiões (bacteriose e super alongamento).
A mandioca apresenta polpa de coloração amarela intensa (preferida dos consumidores), bom tempo de cozimento (média de 20 minutos), textura farinácea, adequada tanto para o consumo mais usual (cozida e frita) como também para a obtenção de massa de boa qualidade, e com um sabor superior ao da mandioca convencional.
O pesquisador da Embrapa, Aldo Vilar Trindade, faz a entrega simbólica do novo cultivar
Produção vantajosa: A diversidade da mandioca de mesa permite, de acordo com os pesquisadores, um banco de variedades adaptadas à região, atendendo aos produtores familiares do Paraná e São Paulo.
O produtor de Diamante do Norte, João Augusto Leonardo Barbosa, de 34 anos de idade, mantém o plantio de dois hectares de mandioca amarela em sua propriedade, do tipo Diamante Dourada, que foi adaptada e selecionada pelo seu avô, de princípio para o consumo interno, e que agora já comercializa para os consumidores da região. “Rende duas vezes mais em comparação por alqueire”, garantiu.
O agricultor produz e vende ainda mandioca branca para indústria de amido e na propriedade tem criação de gado. Barbosa argumenta que a introdução da nova variedade de cultivar vai trazer mais rentabilidade e agregar valor no mercado. “Estamos acompanhando de perto os estudos da BRS 429 e pretendemos aumentar a área de plantio em nossa propriedade”. Além disso, ele acrescentou que “a pesquisa é fundamental para a produção já que a variedade da mandioca amarela aceita o plantio mecanizado e vantajosa. É um incentivo a mais para a diversificação”.
Recursos públicos: As novas instalações do Colégio Estadual Agrícola do Noroeste, no campus regional em Diamante do Norte, foram entregues no dia 25 de abril de 2022. A construção na área da Fazenda da UEM é de 6,7 mil metros quadrados. O investimento chegou a pouco mais de R$10,3 milhões. Por meio de licitação, a empresa vencedora foi a Construtora MVL. Os recursos são oriundos do Ministério de Educação (MEC), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed). O Colégio Estadual Agrícola atende a 310 alunos.
No dia 20 de fevereiro, a obra do novo colégio agrícola foi inaugurada no Câmpus de Diamante do Norte. Estiveram presentes: Ivo Suzuki, diretor do Colégio Agrícola, Sônia Casarim, chefe do Núcleo Regional de Loanda, e Alciony Andreia da Cunha Alexandre, diretora do Campus Regional do Noroeste (CRN).
Novas instalações do Colégio Estadual Agrícola do Noroeste
Inauguração: 20 fevereiro 2022.
Entrega da obra: 25 fevereiro 2022.
Área construída: 6.709,09 m².
Valor licitado: R$ 10.303.909,61 (MEC/FNDE e Seed/PR).
Obra: Construtora MVL.
Estudantes: 310 alunos.
Outras informações: (44) 99961-0707 ou (44) 99916-2625.