Em maio de 2019 a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o dia 14 de abril como o Dia Mundial da doença de Chagas, sendo assim um esforço para trazer mais visibilidade e conscientizar a população acerca da doença que, na América do Sul, é responsável pela morte de aproximadamente 10 mil pessoas por ano.
O Laboratório de Ensino e Pesquisa em Análises Clínicas (Lepac) e o Laboratório de Doença de Chagas que é parte do setor de parasitologia humana, do Departamento de Ciências Básicas da Saúde (DBS) realizam importantes exames, e estudos, os quais contribuem para o combate à doença na região.
O Lepac realiza exames para pacientes provenientes da rede pública e particular de saúde, voltados para identificação do parasito, agente da doença, na corrente sanguínea do paciente. Na fase crônica da enfermidade o exame é sorológico, ou seja, voltado para a detecção de anticorpos que indiquem a presença do causador da doença de Chagas. Em cinco anos, o Lepac realizou 662 exames.
Já o Laboratório de Doença de Chagas atua em parceria com o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM/UEM) no diagnóstico e tratamento, bem como realizando diversos estudos acerca do parasito causador.
Neste laboratório ocorre os exames mais específicos, especialmente em casos mais difíceis de serem diagnosticados, como o de hemocultura, que realiza a cultura dos microrganismos encontrados no sangue, para identificação. O diagnóstico também pode ser realizado pela técnica PCR, sigla para Reação em Cadeia da Polimerase, a qual permite a detectar com precisão o material genético do parasito da doença. O Laboratório de doença de Chagas da UEM é um dos poucos órgãos públicos que realiza estes exames. Também são desenvolvidos estudos sobre as cepas do Trypanosoma cruzi, realizando a caracterização genética destas, estudos pré-clínicos sobre novos fármacos para tratamento, bem como melhoria em métodos diagnósticos.
Sobre a doença - A doença de Chagas é causada pelo microrganismo protozoário Trypanosoma cruzi. O agente transmissor (vetor) são insetos triatomíneos popularmente chamados de “barbeiro”. O “barbeiro” é um inseto hematófago, ou seja, alimenta-se de sangue e a principal forma de transmissão da doença é através das fezes que o inseto deposita quando pica uma pessoa. A propagação também pode ocorrer por via oral, pela ingestão acidental de alimentos contaminados; por transfusão de sangue, de mãe para filho, através da placenta; em acidentes de laboratório; manipulação e consumo de carne de caça; e transplante de órgãos.
O “barbeiro” costuma habitar frestas em paredes de barro, troncos de árvores e viveiros de animais, de modo que a enfermidade costuma estar associada às zonas de pobreza. Em seres humanos a doença de Chagas apresenta duas fases; uma fase aguda, logo após o contágio, e uma fase crônica, a qual pode desenvolver-se por anos.
Na fase aguda os sintomas incluem febre, gânglios linfáticos aumentados, dor de cabeça e inchaço no local da picada. Durante a fase crônica pode haver alargamento das cavidades do coração e do esôfago, devido ao parasito alocar-se em fibras musculares, levando a insuficiência cardíaca e problemas digestivos.
A principal forma de prevenção é o combate ao “barbeiro”, evitando que as casas possuam frestas, ou buracos, nos quais o inseto poderia acomodar-se, evitando acumular madeira ou entulho perto das residências e mantendo viveiros de animais, como chiqueiros e galinheiros, afastados e limpos.
A transmissão pela via oral corresponde, atualmente, pela maioria dos novos casos ocorridos na última década no Brasil. Por conta da globalização e aumento dos processos de migração, em países não endêmicos, por exemplo os Estados Unidos, a transfusão sanguínea e o transplante de órgãos tornam-se importantes fontes de infecção de doença de Chagas.