O superávit recente do agronegócio brasileiro, divulgado na sexta-feira (15) pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, foi de US$ 8,8 bilhões. A expressiva cifra representa aumento de 21% em relação ao mesmo mês do ano passado. E esses dados, além de positivos ao país, dão ainda mais importância a profissões como a Zootecnia, cuja graduação na Universidade Estadual de Maringá (UEM) é uma das mais tradicionais, oferecida desde 1975. Mas, afinal, o que um trabalhador dessa área faz? De forma resumida, preocupa-se com o bem-estar animal e da sociedade. Descubra mais nesta reportagem!
Há profissões, que logo de cara, compreende-se o que é executado nelas, como medicina, engenharia civil, advocacia, docência… Já para a Zootecnia, ainda pairam muitas dúvidas ao leigo. Inicialmente, é preciso saber que este profissional é fundamental para o desenvolvimento do agronegócio, especialmente num país forte nessa área, como o Brasil, que já acumula US$ 82,3 bilhões no superávit agro de 2021 – 20% superior aos nove primeiros meses de 2020, de acordo com o governo federal.
“Você já se alimentou hoje? Comprou ração para o seu pet? Tomou algum medicamento ou vacina recentemente? Comprou alguma roupa ou calçado? Se você respondeu sim para alguma dessas perguntas, certamente usufruiu dos trabalhos de um zootecnista”, introduz Leandro Dalcin Castilha, coordenador do curso de Zootecnia da UEM. O professor explica que esse é o campo do saber que se dedica ao estudo de criação, conservação e produção animal, “na perspectiva de compreender suas relações úteis ao homem, de forma tecnicamente eficiente, economicamente viável, socialmente justa, ambientalmente correta e eticamente adequada”.
Na indústria de laticínios, por exemplo, o zootecnista pode atuar como responsável técnico para certificar a qualidade no beneficiamento do leite e na geração de coprodutos diversos, como bebidas lácteas, queijos e derivados que chegam às mesas das famílias. Segundo o coordenador na UEM, o profissional também desenvolve produtos diferenciados – como o leite A2A2, aquele com baixo conteúdo de beta-caseína, proteína que pode gerar alergias – e comercializa produtos para distribuidores, atacados e varejos.
É a mesma coisa que Medicina Veterinária?
Não, Zootecnia é diferente de Medicina Veterinária! “Embora o conhecimento técnico sobre o funcionamento do organismo dos animais seja imprescindível aos zootecnistas, eles precisam conhecer muito mais do que a fisiologia, biologia e bioquímica das espécies com que trabalha, sendo um requisito o estudo constante do mercado, das oscilações de moedas, dos preços dos insumos e produtos, bem como das tendências econômicas locais e globais, uma vez que trabalham, em grande parte, com commodities agrícolas”, esclarece Castilha.
Sendo assim, o trabalho de um zootecnista nem sempre consiste em aumentar a margem de lucro, elevando o preço final de um determinado produto, mas sim em reduzir seus custos de produção, inclusive o custo ambiental, com menor geração de passivos ao meio e maior economia de recursos naturais.
Atuação do zootecnista
Um zootecnista pode atuar em diversos ramos agropecuários, de beneficiamento e industrialização, ou mesmo na prestação de serviços técnicos especializados. “Quando se fala em produção de alimentos, o trabalho desempenhado por esse profissional se agiganta! Se tomarmos como exemplo o leite, o trabalho do zootecnista começa ainda na propriedade rural, desde o preparo do solo para cultivar a pastagem consumida pelas vacas, passando pela formulação da dieta, pelo manejo produtivo e reprodutivo do rebanho bovino, pela gestão de todos os recursos, gastos e investimentos realizados na propriedade e pela venda do produto final”, expõe Castilha.
Top 10 áreas
1) Formulação, fabricação e controle de qualidade dos alimentos, aditivos, suplementos minerais e vitamínicos, das dietas e rações para animais;
2) Nutrição e alimentação de animais silvestres, exóticos, ornamentais, companhia, zoológico e de produção;
3) Assessoramento de programas de controle sanitário, higiene, profilaxia e rastreabilidade animal, visando a segurança de rebanhos e a saúde pública;
4) Atuação nas áreas de comportamento, ambiência e bem-estar animal;
5) Desenvolvimento de produtos, insumos, ferramentas de gestão e de tecnologias aplicadas à agropecuária;
6) Análise de mercado, de ambiente de produção, de investimento agropecuário, de infraestrutura e logística de transporte de insumos, produtos, distribuição e comercialização de animais, produtos e subprodutos;
7) Ensino, pesquisa, assistência técnica, desenvolvimento e gestão de programas e ações de manejo aplicadas à reprodução animal, assim como para o uso e aplicação das biotecnologias reprodutivas;
8) Gestão e administração de estabelecimentos industriais e comerciais ligados à produção animal, de transformação de seus produtos, de biotecnologia vinculada à produção e à reprodução animal e de conservação animal;
9) Gestão e administração de propriedades rurais, bem como planejamento e desenvolvimento de projetos de construções, máquinas e equipamentos de uso zootécnico;
10) Planejamento, desenvolvimento, gerenciamento e assistência técnica especializada aos sistemas tradicionais e alternativos de produção animal, estabelecimentos agroindustriais, de comercialização de produtos e subprodutos de origem animal.