Na manhã desta quarta-feira (6), sete associações sericultoras brasileiras (seis paranaenses) que fazem parte do Projeto Seda, desenvolvido em parceria com o grupo de pesquisa na área de aplicação da biologia celular, molecular, genética e melhoramento da criação do bicho-da-seda (Bombyx mori), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), assinaram convênio com o Fundo de Apoio à Sericultura.
Por meio deste fundo, as associações receberam premiações que totalizam 144 mil euros, com a finalidade de promover a cultura em regiões potenciais, a igualdade de gênero, em especial para os projetos que trabalham a inclusão social de mulheres e portadores de deficiências, com impacto sobre a economia e a sociedade do estado e do país. “Somente com publicações de alto nível e atividades produtivas estaremos estabelecendo patamares relevantes à nossa nação de desenvolvimento científico e social”, afirma Maria Aparecida Fernandez, coordenadora do projeto no Brasil.
O vice-reitor da UEM, Ricardo Dias Silva, compartilha da mesma opinião. Para ele a universidade desenvolve um papel importante no Projeto Seda promovendo o desenvolvimento social ancorado ao sustentável. “Esse trabalho tem grande amplitude que possibilita trazer os produtores mais próximos à universidade e oferecer os benefícios das pesquisas e desenvolvimentos científicos na produção, fundamental para que o estado do Paraná se desenvolva”, explica Dias Silva.
Francisco Gildo Marchini faz parte da Associação de Pequenos Produtores para um Futuro Melhor, que assite cerca de 10 famílias produtoras de seda
A Associação de Pequenos Produtores para um Futuro Melhor, da cidade de Tupinambá, no Paraná, foi uma das beneficiadas com a aprovação do projeto “Centro de treinamento para a melhor sericicultura do futuro”.
Francisco Gildo Marchini é representante desta associação e segundo ele o recurso será aplicado para expandir a produção por meio do artesanato. “O dinheiro irá ajudar a agregar valor ao produto aumentando a renda dos produtores por meio da utilização do artesanato com o aproveitamento dos casulos de segunda qualidade, que possuem baixo valor comercial. Isso irá nos possibilitar a ter um ganho maior”, explica Marchini.
Participaram do evento de assinatura de convênio os representantes dos produtores premiados; Ricardo Dias Silva, vice-reitor da UEM; Maria Fernandez, coordenadora no Brasil do Projeto Seda; Alessandra Silva, coordenadora dos Projetos premiados dos sericicultores no Projeto Seda; Luiz Cézar Kawano, coordenador da Unidade Gestora do Fundo Paraná (UGF), representando Aldo Nelson Bona, Superintendente da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (Seti); Oswaldo da Silva Pádua, gerente da Câmara Técnica do Complexo da Seda do estado do Paraná; Patricia Marino, coordenadora geral do Projeto Seda/ Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (Inti) Buenos Aires Argentina; Leticia Casañ Jensen, coordenadora do Programa Adelante 2- União Europeia/Bruxelas/Bélgica; María Fernanda Becce, gerente de relações institucionais e comunicação, representando o diretor do Inti, Rubén Alberto Geneyro Rubén; e Norberto Ortigara, secretário da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (Seab).
Projeto Seda
Mantido com recursos da União Europeia, o Projeto Seda está inserido no Programa de Cooperação Triangular denominado Adelante, que busca promover relações horizontais entre os países da América Latina, Caribe e Europa.
O Projeto é formado por grupos de pesquisas do Brasil, Argentina, Colômbia, México, Equador e Cuba, assim como integrantes de apoio para o seu desenvolvimento em instituições da Itália e Portugal, e busca a melhoria da capacidade técnica e produtiva da sericicultura entre os grupos da América Latina e Caribe.
Ele tem a coordenação geral de Patrícia Marino, do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (Inti) da Argentina, e visa potencializar o intercâmbio de conhecimentos, além de aproveitar a capacidade de todos os seus parceiros para oferecer soluções que visem o desenvolvimento sustentável.
UEM integra o Projeto Seda desde 2016
No Brasil, o grupo é formado por pesquisadores da UEM que integram o projeto desde 2016, sendo que iniciou os estudos de melhoramento genético do bicho-da-seda em 2003, com apoio do governo do estado do Paraná, Fundação Araucária, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Essa iniciativa tem como objetivo a análise de expressão de genes que possibilitem prevenir doenças que afetam a criação do bicho-da-seda, assim como a melhora da produtividade de casulos e apoio aos sericicultores do Paraná, principal produtor do Brasil de casulos de qualidade.
O grupo da UEM é constituído por professores que trabalham na área de genética molecular; melhoramento da produtividade sericícola; genética; química, biofísica e bioquímica. Além destes pesquisadores, o auxílio também vem por parte de docentes associados da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), que atuam na área de microbiologia e morfologia; da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na área microbiologia; e da Universidade de Oxford, Inglaterra, na área de bioquímica.
Projetos beneficiados
1- Treinamento de atualização tecnológica na sericicultura - Associação Brasileira da Seda - Abraseda, Londrina/PR;
2- Fios do bem - Associação de pais e amigos de Bastos (Apae), Bastos/SP;
3- Energia limpa e sustentável para os produtores da sericultura do Município de Araruna - Associação de Sericicultores de Araruna/PR;
4- Mãos que criam na Seda: arteterapia e design têxtil na inclusão social - Associação Flávia Cristina, Londrina/PR;
5- Aquisição de 23 roçadeiras hidráulicas e evento técnico - Associação dos Sericicultores do Município de Cândido de Abreu/PR;
6- Aquisição de produtos agrícolas e florestais - Associação de Sericicultura Ivaté/PR;
7- Centro de treinamento para a melhor sericicultura do futuro - Associação de Agricultores de Tupinambá/PR.