O projeto de extensão Arte e cultura indígena: interações estéticas e interculturais, coordenado pelos professores do curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Sheilla Souza e Tadeu dos Santos Kaingang, está com uma exposição no Centro de Ação Cultural – CAC. A iniciativa faz parte do Projeto Convite às Artes Visuais, da Prefeitura Municipal de Maringá.
“A exposição ‘Nhara, memória de sinais ancestrais’ traduz uma vontade de diálogo intercultural e de reparação histórica na valorização das culturas e saberes indígenas. Esse diálogo ultrapassa a necessidade de apresentar trabalhos autorais em detrimento da criação compartilhada com artistas indígenas da etnia Kaingang da Terra Indígena Ivaí, no Paraná”, explica o curador da mostra, o professor Tadeu.
Segundo a outra curadora da exposição, Sheilla Souza, esse é um trabalho essencialmente feminino que se somou às mãos de outras mulheres, entre elas Darcy Dias de Souza, fundadora da Associação Indigenista (Assindi) de Maringá, responsável pela criação do acervo Krim (estrela, em Kaingang), composto por quadros com símbolos Kaingang.
As criações foram realizadas a partir de uma pesquisa sobre a interação entre indígenas Kaingang e participantes do projeto de extensão Arte e cultura indígena. As obras evidenciam como símbolos presentes no trançado Kaingang e os processos de tingimento natural da taquara, matéria-prima utilizada na cestaria da etnia, formam trançados milenarmente desenhados com o objetivo de manifestar sinais de memória e resistência cultural.
“O vento vem soprando novos ares de renovação nessa primavera de fortalecimento nacional da Arte Indígena no Brasil. Quem sabe, finalmente, conseguiremos ouvir a sabedoria ancestral e acreditar que há esperança para a Mãe Terra”, torce Sheilla Souza.
A exposição "Nhara, memória de sinais ancestrais" tem curadoria do Coletivo Kókir e obras dos artistas Kaingang da Terra Indígena Ivaí, no Paraná: Claudite Sukrigvonfi Lourenço, Elvira Crispim, Lídia Crispim, Lurdes Alípio e Maria Josefa Bernardo. O projeto expográfico é de Fábio Sukág Santiago, Tadeu dos Santos, da equipe Assindi, do Centro de Ação Cultural (CAC) e da Bambusa Bioarquitetura. Design gráfico de Janaína Fornaziero Borges.
O público pode visitar a exposição até o dia 13 de outubro. As obras estão no Centro de Ação Cultural – CAC, sala Joubert de Carvalho, localizado na Avenida 15 de Novembro, esquina com Avenida Getúlio Vargas, 514. O espaço fica aberto de segunda a sexta-feira, de 9h às 11h30 e das 14h às 17h30. “Sábado, dia 2 de outubro, das 14h às 17h, haverá feira de troca de cestos Kaingang por alimentos. Troca justa e solidária”, anuncia a professora Sheilla.
A professora ainda informou que estão sendo organizadas visitas presenciais em pequenos grupos e virtuais para escolas. “Inclusive, semana que vem, uma escola indígena kaingang vai nos visitar por meio da plataforma Meet”, disse a docente da UEM. Os agendamentos podem ser feitos pelos telefones (44) 99172-0581 e 98833-0940.