Dois professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) estão na organização da exposição virtual “Indígenas Pioneiros em Mariguã”. O evento tem curadoria de Ju Pereira e apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Maringá e da Associação Indigenista (Assindi) Maringá. A mostra já está aberta e vai até o dia 16 de maio.
A exposição reúne 24 obras. Entre as séries apresentadas estão as cocriações realizadas no projeto “Arte com Indígenas em Residências Eletrônicas (Aire)”, coordenado por Sebastián Gerlic (Thydewá), e “Uma história dentro do Cesto”, promovida pelos integrantes do projeto de extensão “Arte e cultura indígena: interações estéticas e interculturais”, coordenado por Sheilla Souza e Tadeu dos Santos, que fazem parte do Coletivo Kókir e são professores do curso de Artes Visuais da UEM.
O projeto contará, ainda, com uma roda de conversa, on-line e gratuita, na segunda-feira, dia 10 de maio, dia do aniversário de Maringá, entre 19 e 21 horas. A atividade terá a participação de artistas, empreendedores culturais, professores indígenas e não indígenas, que falarão sobre o tema “Maringá celebrando a ancestralidade”. “A proposta é abordar a ideia de que os indígenas também deveriam ser considerados pioneiros, a partir das questões trazidas nas obras”, disse a professora Sheilla.
A exposição “Pioneiros indígenas em Mariguã” - Segundo o professor Tadeu, a palavra pioneiro é carregada de sentidos contraditórios. O termo vem sendo utilizado para exaltar ações que violentaram e ainda violentam os povos indígenas, que sempre estiveram presentes em todo o território nacional.
“No entanto, decidimos usar essa palavra justamente para conscientizar sobre o pioneirismo da presença indígena no Norte do Paraná. Todos sabem que, no local onde Maringá foi instalada, havia indígenas muito antes da chegada dos ‘desbravadores’. Por sua vez, a palavra ‘desbravadores’ implica na ideia de natureza intocada e hostil, que necessita também ser revista, em função das agressões supostamente ‘civilizadas’ ao meio ambiente. Por isso, chamar os indígenas de pioneiros é trazer uma reflexão sobre todo seu conhecimento, cultura e sabedoria como elementos que fazem parte de nossa identidade e história”, defende o professor e artista.
Para a professora Sheilla, ainda é importante dizer que o título da exposição sugere o reconhecimento da ancestralidade da nossa população, há tanto tempo negada ou “invisibilizada”. Inclusive, sugere refletir sobre o nome da cidade. “Segundo o pesquisador Ricardo Tupiniquim Ramos, a palavra Mariguã tem origem Tupi Guarani e significa peneira de pesca. Esse dado é um fator que amplifica nossa intenção de apresentar a riqueza que a presença indígena traz para a nossa cidade”.
Os organizadores também destacam que “o áudio que ambienta a visitação da exposição, “El Colibri”, é uma cocriação realizada no projeto Aire, por Tadeu Kaingang (Brasil), OzZo Ukumari (Bolívia), Elías Caurey Guarani (Bolívia), Florêncio Rekayg (T. I. Rio das Cobras - Brasil), João Natalino Pantu Kaingang (T.I. Ivaí - Brasil) e Rudy Andrés Wiliche-Mapuche (Chile).
A roda de conversa é aberta a todos os interessados. Para participar é preciso se inscrever, neste endereço. Após o preenchimento, os organizadores do evento enviarão o link do encontro por e-mail. As fotografias e vídeos presentes na exposição virtual podem ser acessados até o dia 16 de maio, neste link.
Além do aniversário de Maringá, o evento comemora os 21 anos da Associação Indigenista – Assindi, de Maringá. “Dedicamos este trabalho a sua fundadora, Darcy Dias de Souza, por sua luta incansável pelos povos indígenas”, conclui a professora Sheilla.