A Liga Acadêmica de Biodiversidade Animal (Laba) do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em parceria com o Grupo de Estudos em Animais Silvestres (GEAS) e Grupo de Estudos em Biodiversidade (GBIO) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), promovem nesta quinta-feira (15), às 19h, a palestra “Bem-estar animal em zoos modernos: história, conceito e futuro”, ministrada pelo biólogo Igor Morais. A transmissão será por meio do canal do GBIO-Uema, no YouTube.
Maria Antônia Mignoso Lima, presidente da Laba, explica que a palestra busca mudar as concepções sobre o que conhecemos hoje como zoológico no Brasil, ao apresentar um novo conceito que se chama zoológicos modernos. “Muitos zoológicos no nosso país não visam a conservação da espécie, e sim a exposição pra fins lucrativos. Nestes casos, na grande maioria, é pouco considerado o bem estar animal. É exatamente o oposto que o zoo moderno prega: a conservação e o bem-estar acima de tudo”, explica.
Existe uma defasagem sobre o que é bem-estar animal e confusão a respeito de vários conceitos importantes. Não é raro encontrar pessoas para as quais bem-estar significa propiciar ao animal água, comida, atendimento veterinário e mantê-lo livre de estresse. Morais defende que “como mostro na palestra, isso é o início da compreensão sobre bem estar na história dos zoos, mas hoje sabemos se tratar de cuidados básicos. Não de bem-estar. Desta forma, a palestra apresenta como os zoos avançaram com relação ao bem-estar, onde estão agora (tanto em uma perspectiva mundial quanto no Brasil) e o que se espera deles para o futuro”.
Ainda segundo Morais, os animais nos zoológicos brasileiros possuem baixo nível de bem-estar. Isso está associado a dois problemas: a deficiência ou ausência de uma mentalidade científica sobre o manejo desses animais no zoológico; e a infraestrutura defasada ou antiga em muitas instituições no país. O pesquisador argumenta que “os zoos brasileiros costumam ser um epítome à chamada "arquitetura rígida" dos zoológicos. Há muita grade, concreto, uso inadequado de vidro ou acrílico e poucos elementos naturais nos recintos. Assim, esses ambientes costumam ter pouca ou nenhuma funcionalidade para as espécies que abrigam. E a funcionalidade de um recinto é importante para a expressão de comportamentos naturais pelos animais”.
Para garantir esse bem-estar a animais que foram retirados do seu habitat, a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) iniciou um processo de certificação das instituições-membro em bem-estar. “É um passo importante, mas que ainda está em fase de amadurecimento e precisa ser muito aperfeiçoado”, afirma Morais.
A palestra faz parte do Ciclo de Estudos em Animais Silvestres, que vem acontecendo desde o dia 29 de março e se estenderá até o mês de agosto de 2021, e tem como objetivo levar a extensão e o aprimoramento acadêmico para alunos dos cursos de Ciências Biológicas, Medicina Veterinária, Zootecnia e áreas afins.
Sobre o palestrante
Igor Morais, é graduado Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestre em Zoologia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Tem experiência na área de Zoologia, com ênfase em comportamento, conservação e evolução de cetáceos e primatas. Desde 2007, trabalha com zoológicos brasileiros para promover reformas em prol do bem-estar animal e organizar programas de manejo populacional. É gerente de projetos educacionais no Zoológico de Brasília e pesquisador no Instituto Aqualie.
Inscrições para o evento podem ser realizadas aqui.