Evento será a próxima mostra da galeria Carmo Johnson Projects, onde o grupo de docentes da UEM apresentará suas criações
Com o título "O sensível está nas dobras do tempo", o coletivo Kókir, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), vai realizar, no próximo sábado (15), das 14h às 19h, no bairro Boaçava, região do Alto do Pinheiros, em São Paulo, uma exposição individual que leva o texto curatorial de Ailton Krenak.
O texto do líder indígena, ambientalista, escritor brasileiro da etnia indígena krenaque e membro da Academia Brasileira de Letras, descreve que “a mistura do Kókir não apenas reflete o transtorno, a fome e a escassez de matérias primas tradicionais nos territórios indígenas”.
“Da mistura também emergem, em criações compartilhadas, muitas vozes apagadas, povos extintos e reinvenção de identidades, lutando para resistir. Juntando terra, plástico e fome ancestral em criações com povos de diferentes etnias, essa mistura expõe sincronias e contradições. Como nos alertam os antigos fazedores desta persistente matriz gráfica que informa as ancestrais marcas e pinturas corporais de cada clã da etnia Kaingang. (...)”, sintetiza outro trecho da redação.
A exposição vai exibir uma série de objetos trançados, pinturas e vídeo-performances. Durante a solenidade de abertura, serão servidos aos visitantes os comestíveis produzidos pelo Kókir. Os comestíveis ressignificam o que normalmente se conhece como artesanato Kaingang, ou seja, a fruteira trançada com grafismos. Nesta perspectiva, a fruteira mordida vira comida nos comestíveis, deixando que o público dê sua mordida na obra.
Composto pelos professores Tadeu dos Santos Kaingang e Sheilla Souza, do curso de Artes Visuais da UEM, o Kókir significa fome na língua Kaingang. O coletivo vem realizando trabalhos em parcerias com diferentes povos indígenas no Brasil e com etnias de outras partes do mundo.
As criações envolvem aspectos da visão ancestral sobre arte e cultura, refletindo sobre as relações entre os saberes dos povos originários e as formas de habitar o planeta, destacando a fome em seus diferentes sentidos, real e metafórico.
Além de professor da UEM, Tadeu dos Santos é artista plástico e pesquisador da Associação Indigenista de Maringá (Assindi), da qual a mãe de Sheilla, Darcy de Souza, foi a fundadora. Sheila, além de professora da universidade, é integrante da Associação.
A Assindi é uma organização que oferece acolhimento à população Kaingang enquanto ela está na cidade. São indígenas que vêm ao município de Maringá para garantir o sustento de suas famílias a partir da comercialização do artesanato.
Serviço
Exposição individual: KÓKIR
Título: "O sensível está nas dobras do tempo"
Texto curatorial de Ailton Krenak
Data: 15/03
Local: rua Anunze, 249 - Boaçava/Alto de Pinheiros
Abertura: das 14h às 16h, com os Comestíveis do Kókir e comida mexicana