João da Silva, Thiago Fujiki, Augusto Dovirgens, João Gomes, Leonardo Scheller e Caio Bim, alunos do 8º e 9º anos, venceram competição nacional
O Colégio de Aplicação Pedagógica (CAP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) comemora 50 anos nesta quarta-feira (29) com uma medalha de ouro da Olimpíada Brasileira de Tecnologia (OBT), competição de nível nacional que contou com a participação de escolas públicas e privadas. A conquista é de uma equipe de seis alunos do 8º e 9º anos do colégio, que no contraturno participam de aulas de Altas Habilidades e Superdotação. Atualmente, dos cerca de 1,1 mil estudantes matriculados, em torno de 90 frequentam as aulas deste projeto.
Para a diretora-geral do CAP, Alessandra Martinho de Oliveira, nada melhor do que mais um prêmio obtido por estudantes do CAP para mensurar a qualidade de ensino do colégio. Segundo a diretora, a escola também está comemorando a classificação de 293 alunos do CAP para a segunda fase da Olimpíada de Matemática das Escolas Estaduais do Paraná (OMAP), competição estadual, realizada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR) com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). “Do Núcleo de Ensino de Maringá, o CAP foi a escola que mais teve alunos classificados”, frisa.
Durante suas cinco décadas, o colégio vem colecionando bons resultados tanto em Olimpíadas como em notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2020, entre todos os colégios estaduais avaliados em mais de 359 cidades paranaenses, do 1º ao 5º ano, o CAP obteve o melhor desempenho, com nota 7,7. O colégio também obteve destaque em 2020 e 2021 nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) com duas medalhas de ouro e uma de prata.
Na avaliação de Oliveira, o meio século do colégio é uma história de muita resistência e luta para a manutenção da estrutura da escola, mantida por meio de convênio entre a UEM e a Seed-PR, principalmente por ser uma escola diferencial, de aplicação de novas práticas pedagógicas e de estágio. “Nossa luta é sempre para que consigamos ter autonomia para fazer um colégio diferencial. Por exemplo, no Ensino Médio, focamos no conteúdo voltado para o PAS/UEM (Processo de Avaliação Seriada)”, lembra a diretora-geral.
“O colégio também obteve uma boa participação no projeto Ganhando o Mundo. O primeiro lugar de Maringá é do CAP, segundo o pré-resultado. Além disso, formamos entre 90 e 120 alunos por ano, dos quais cerca de 60 entram para a universidade, a maioria em instituições públicas. No ano passado, tivemos estudantes que ganharam bolsas para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), entraram para a Universidade de São Paulo (USP) e conquistaram vagas em Medicina”, complementa.
Diretora-geral, Alessandra de Oliveira, e diretoras-adjuntas Alaide Sobrinho e Sandra Stipp
Com 32 anos de casa, a diretora-auxiliar do CAP, Alaide Paulino Sobrinho, servidora da UEM, diz que tem uma grande consideração pelo colégio. Ela conta que além dela, todas as suas três filhas estudaram no CAP. “Apenas a minha filha mais nova ainda não concluiu os estudos. Ela está no terceiro ano do Ensino Médio. Além disso tudo, eu também estudei aqui quando criança, entrei na quarta série daquela época. Então, o meu conhecimento tanto teórico quanto prático, eu devo muito ao colégio. Nestas mais de três décadas trabalhando aqui, vi muitas situações que o colégio passou e conseguiu resistir”, conta Sobrinho. Antes desta gestão, ela também atuou como diretora auxiliar nos anos de 2011 e 2012. “Hoje, vejo que o colégio precisa resgatar vários projetos que o tornam de fato um colégio de aplicação pedagógica”, pondera.
Segundo a diretora-geral, o resgate dos projetos já começou. “Aliás, muitos servidores da UEM que têm filhos estudando no colégio estão sendo convidados a desenvolverem projetos e muitos já aceitaram”, revela Oliveira.
A diretora-auxiliar do CAP e professora de Física e Matemática, Sandra Regina Andrade Stipp, servidora da Seed, entrou para o quadro funcional do colégio em 2017. Ela também fala sobre sua experiência no CAP. “Este ano, estou completando 31 anos de magistério e prestes a me aposentar. Então, finalizar minha carreira em uma direção de um colégio como o CAP, de excelência, que está completando 50 anos, me deixa sem palavras. Sou muito grata por estar aqui, pois sempre fui bem recebida por todos. É uma grande honra trabalhar nesse colégio. Estou finalizando um ciclo da minha vida acadêmica com chave de ouro. Temos que comemorar esses 50 anos do CAP por tudo, pelo ensino, normas, regras, responsabilidade e, principalmente, respeito, mas também pelas pessoas que aqui trabalham e pelos alunos”, resume Stipp.
Eventos comemorativos
Ao longo deste mês, a direção do CAP promoveu vários eventos para comemorar a data. No último sábado (25), o CAP realizou jantar dançante para uma confraternização geral no Buffet Grande Mesa. O evento reuniu cerca de 100 pessoas, entre pais, alunos, ex-alunos, funcionários, ex-funcionários e professores universitários.
Outro evento da programação comemorativa dos 50 anos do Colégio ocorreu no dia 23 de maio, quando foi lançado o Clube do Livro Silvana Soares Camara, no auditório da Biblioteca Central (BCE). A iniciativa é resultado da união do CAP com o Núcleo Maria da Penha (Numape) e o Empodera, projetos da Universidade que prestam assistência a mulheres em situação de violência doméstica.
No dia 9 de maio, também foi a vez da implantação da Horta do Saber no CAP, projeto de acadêmicos do Centro de Ciências Agrárias (CCA), em parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH) e o CAP. No local, os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental passaram a realizar atividades com orientação de estudantes e docentes da UEM. Os acadêmicos do CCA lideram a parte agronômica, enquanto os discentes do CCH oferecem suporte pedagógico às crianças.
Equipe ouro OBT
O projeto de aplicativo educacional, vencedor da OBT 2024, desenvolvido pelos alunos do CAP, é um quiz da área de Ciências. Nele, os usuários testam o conhecimento sobre a unidade microscópica estrutural dos seres vivos: a célula. “Partimos do fato de que os alunos do sétimo ano têm muita dificuldade de aprender este conteúdo, como nós também tivemos. Para que o aluno tenha fácil entendimento, o conteúdo sobre células é explicado em linguagem informal por meio de questões e alternativas de respostas”, explica o porta-voz da equipe, João Lucas Manhães da Silva, 14 anos (9º ano). O aluno estuda no CAP há seis anos.
João da Silva, porta-voz da equipe, e professora Maria Oriza, orientadora da turma de altas habilidades e superdotação
Além dele, integram a equipe, Augusto Polo Dovirgens, 13 anos (8º ano); Caio Ferrari Bim, 13 anos (8º ano); João Lucas Zagoto Gomes, 14 anos (9º ano); Leonardo Silva Scheller, 12 anos (8º ano); Thiago Enzo Fujiki, 12 anos (8º ano).
O nome dado ao projeto do aplicativo é Ciência Guará. A equipe explica que o nome foi escolhido para homenagear o lobo-guará, considerado um ícone da fauna brasileira e uma espécie ameaçada de extinção, segundo lista do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Vencer esta Olimpíada foi uma surpresa para todos porque concorremos com escolas particulares, institutos federais e escolas técnicas do Brasil inteiro. E isso é muito gratificante para nós”, comemora Silva. De acordo com ele, a próxima fase é desenvolver o aplicativo para disponibilizá-lo nas lojas oficiais de apps do Android e iOS.
Para ele, que veio de uma escola privada para estudar no colégio, o CAP tem potencial para concorrer de igual para igual com uma escola particular. “Isto pelo fato de ser uma escola de aplicação e disponibilizar uma sala de altas habilidades e superdotação e outra de recursos multifuncionais. Além disso, aqui, no sistema trimestral, temos mais capacidade de entender o conteúdo melhor”, avalia Silva.
A professora Maria Oriza, orientadora da equipe, também ficou surpresa com a conquista do ouro. Ela conta que a iniciativa de inscrever o projeto na OBT foi dos alunos, pois o projeto começou a ser criado em abril deste ano, visando a inscrição na III Feira Científica do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades e Superdotação do Estado do Paraná (Fenaahs).
“Quando estava orientando as literaturas, as referências, ajudando a escrever o projeto, delimitando tema e objetivo apareceu esta prova. Os alunos quiseram fazer, mas confesso que achei que não íamos conseguir porque o nível da prova é muito alto. Fiquei até com pena deles e agora estou orgulhosa, porque realmente vencemos apesar de todas as dificuldades”, sintetiza Oriza, especialista em altas habilidades e educação especial em contexto de inclusão.
Neste momento, a equipe está na expectativa do resultado da Fenahas. “Todos querem ver o nome do Ciência Guará na lista de projetos classificados”, conclui Oriza.
O ingresso no CAP da UEM ocorre por meio do Cadastro de Espera de Vagas Estaduais (Ceve), seguindo os créditos das demais escolas públicas. Em virtude do reconhecimento da qualidade de ensino oferecido, a concorrência para o ingresso no colégio é alta. De acordo com Oliveira, atualmente, há turmas com filas de espera de 270 alunos aguardando vagas.
CAP: O colégio atua no ensino fundamental e médio e está localizado no câmpus sede da UEM. Tem por mantenedor o governo do estado do Paraná, através de convênio entre a UEM e a Secretaria de Estado da Educação (Seed). O governo do Paraná autorizou o funcionamento progressivo do Centro Estadual de Aplicação Pedagógica de 1º grau da UEM em 29 de maio de 1974, por meio do decreto no 5.537/74. Desde então, o CAP abriga diferentes níveis de ensino de educação básica e profissional. Atualmente disponibiliza o ensino fundamental, anos iniciais (1º ao 5º ano) e finais (6º ao 9º ano) e o ensino médio (1º ao 3º ano). Também atua no campo de estágio para os acadêmicos das diversas licenciaturas como um espaço para formação e/ou atualização de professores da educação básica.