Emissora educativa nasceu de forma improvisada em uma garagem e superou todos os desafios impostos pela era digital
A Rádio UEM FM, frequência 106,9 MHz, da Universidade Estadual de Maringá, completa 27 anos nesta segunda-feira, 4 de dezembro, e comemora seu bom posicionamento no ranking das rádios mais ouvidas de Maringá. “Pela última pesquisa, realizada com 19 emissoras de rádio em Maringá, a UEM FM ficou entre as dez mais ouvidas da cidade. Outro detalhe importante deste levantamento é que a UEM FM é a segunda opção dos ouvintes de outras emissoras, ou seja, o ouvinte que ouve A ou B, opta pela UEM como segunda opção”, destaca o coordenador da UEM FM, Marcelo Galdioli.
Hoje, com transmissões que alcançam um raio de 100 quilômetros, a UEM FM é considerada uma das principais emissoras de rádio universitárias do Paraná e do Brasil e está nas principais plataformas digitais, mas para chegar até aqui, teve que superar muitos desafios, que começaram lá no seu início, em 4 de dezembro de 1996.
Sua implantação foi resultado do empenho não só da reitoria da época, mas também da comunidade que fez doações de vários equipamentos e discos de vinil (LPs). “O reitor da época, o professor Luiz Antônio de Souza, a vice-reitora, a professora Neusa Altoé, e a assessora de comunicação social, professora Marialva Taques, fizeram um trabalho gigantesco para colocar essa rádio no ar”, lembra Galdioli.
O apresentador Elias Gomes de Paula, que está na UEM FM desde fevereiro de 1997, se lembra bem dessa época em que a rádio estava iniciando suas transmissões, pois ele também estava começando seu trabalho na universidade. “O microfone era artesanal, produzido pelo primeiro técnico da rádio, o Washington Castilho, ou seja, a rádio foi feita de forma muito rudimentar, improvisada, com materiais doados, desde transmissores, discos de vinil, caixas de som até o toca-discos. Foi muito legal porque teve um engajamento da comunidade. Recebemos muitas doações de professores, alunos, técnicos, principalmente, de vinil, que a gente precisava muito”, recorda.
As dificuldades não pararam por aí. Ao longo de sua existência, muitos desafios surgiram, mas a equipe sempre se manteve firme, resistente e operando com uma programação cultural e jornalística de qualidade, mesmo diante de diversos tipos de dificuldades, especialmente financeiras. De todos os desafios nas quase três décadas de existência, três permanecem desde o início: espaço improvisado (desde de sua primeira transmissão, operação permanece na antiga garagem da Reitoria), recursos financeiros escassos (falta de verbas específicas para aquisição de equipamentos de melhor qualidade) e recursos humanos insuficientes (falta de reposição no quadro de servidores).
“O fato da rádio ter tido um prazo muito curto para a montagem, após a liberação da concessão, a estrutura foi adaptada, não foi uma montagem planejada. Mas a meu ver isso não impediu e não impede que seja feito um bom trabalho. Eu acho que a gente tem tido muito contato com a reitoria e a professora Gisele Mendes, vice-reitora, tem sido uma grande parceira. Também temos projetos junto com o assessor de comunicação social, Paulo Pupim, de montagem de estúdio de podcast com câmeras e troca de mobiliário da rádio. Estamos com boas perspectivas porque o reitor Leandro Vanalli também entende que a rádio tem um papel importante na divulgação institucional”, diz Galdioli.
“Hoje é um dia muito especial em que a nossa rádio universitária completa os seus 27 anos com muito vigor e muita informação para a nossa comunidade. É um orgulho para a nossa UEM por sua excelente grade de programação, informando tudo que acontece em nossa universidade. Parabéns a toda equipe de servidores que tem feito essa grande história”, festeja o reitor.
“A minha mensagem para a UEM FM é não só de parabéns, mas também de agradecimento por esses anos de prestação de um serviço fundamental à nossa comunidade universitária e também à nossa comunidade externa, informando, publicando matérias importantes, entrevistas, programas, projetos e principalmente música popular brasileira de altíssimo nível”, avalia a vice-reitora.
Programação diversificada
A UEM FM possui uma grade diversificada de programas culturais e jornalísticos. De acordo com Galdioli, a grade de programação valoriza a música popular brasileira, mas tem programas específicos de música erudita, forró, samba, jazz, blues, entre outros estilos musicais. São mais de 30 programas produzidos por uma equipe de técnicos, programadores, jornalistas e locutores, sendo que muitos destes programas contam com a colaboração da comunidade interna, professores e alunos.
“Desde o ano passado cresceu muito o número de programas em parceria com professores e alunos, que são os programas de extensão. Temos o Conexão UEM, que é uma parceria com a Reitoria e promove o diálogo com diferentes setores da comunidade universitária; o Momento Agro UEM, com o Centro de Ciências Agrárias, o BR Cidades, que já está na 3ª temporada, em parceria com o Departamento de Arquitetura e Urbanismo. E, mais recentemente, o Violão em Foco que é um projeto de extensão dos alunos de licenciatura em Música”, destaca Galdioli.
Somente este ano, o coordenador da rádio já fez mais de 170 entrevistas com pessoas que queriam divulgar eventos, seja de entretenimento, pesquisas, negócios ou institucionais. Galdiolli adianta que em janeiro de 2024 já está prevista a estreia de um novo programa da área de direito.
“Os programas que são produzidos aqui na Universidade são muito bem feitos, com conteúdo que esclarece os ouvintes. Temos discussões, bate-papos e debates sobre diversos assuntos. São pessoas da academia falando sobre assuntos que eles dominam, portanto, os programas são fonte de informação segura e fiel”, avalia o apresentador Elias.
Segundo ele, a rádio nunca mudou sua linha editorial e sua essência. Manteve o perfil de tocar todas as vertentes da música popular brasileira, principalmente, as que não tem muito espaço nas emissoras comerciais, como a música instrumental brasileira, choro, bossa nova, samba e sertanejo de raiz, clássicos da música brasileira, bem como os novos expoentes da MPB.
“Como não fez experimentações, não surfou em ondas populares, como o sertanejo universitário, se manteve como uma alternativa ao que é tocado nas demais emissoras. Assim, criou um público cativo, que é fiel à emissora, e desempenha seu importante papel de formar novos ouvintes das vertentes da música popular brasileira. Qual emissora tocaria, por exemplo, Belchior, Tom Jobim, Cartola, Heitor Villa Lobos, Elis Regina, entre outros cantores consagrados na música popular brasileira? Além de ser uma porta-voz da universidade, divulgando a produção da academia, é uma emissora que educa musicalmente o ouvinte”, avalia Elias.
Além da equipe de técnicos, programadores, jornalistas e locutores, a UEM FM funciona como campo de estágio para estudantes de diversos cursos de graduação, especialmente o de Comunicação e Multimeios.
O técnico de multimídia, Ademir Souza, tem muitos motivos para comemorar, já que seu trabalho no estúdio só melhora devido a digitalização dos áudios. “Quando comecei em fevereiro de 1997, tudo era mais complicado, pois eram aqueles discos bolachões (LPs), tínhamos que fazer tudo manual. Hoje, com o MP3 e o computador, operar o áudio ficou muito mais prático e, mesmo nos momentos em que temos problemas com os transmissores, conseguimos manter a programação nas plataformas digitais. Independente de onde o ouvinte estiver, ele consegue acessar a nossa programação pela internet. Esse é o grande diferencial dos novos tempos”.
A rádio da UEM acompanhou todas as mudanças tecnológicas, até chegar ao streaming, passando pelo CD, MP3 e transmissões ao vivo pelo estúdio junto com a TV UEM. Na avaliação de Elias, as redes sociais e as plataformas digitais de música, podcast e vídeo servem para alavancar a audiência da UEM FM.
O avanço tecnológico é permanente e sempre vai exigir inovação das rádios, movimento chamado de “radiomorfose” por especialistas.
Com oito funcionários efetivos, um técnico contratado para prestar serviços e três estagiárias, a emissora funciona 24 horas por dia, 365 dias ao ano. “Só paramos se tivermos problema técnico ou faltar energia, do contrário, a rádio nunca para. É só ligar e o mundo acontece”, finaliza Galdioli.