O reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, ministrou ontem, no Restaurante Universitário (RU), a Aula Magna “Juventudes e a Universidade Pública na atualidade”, a qual contou com a presença do reitor Leandro Vanalli e da vice-reitora Gisele Mendes. Ele abordou as políticas de acesso e permanência no Ensino Superior.
Fonseca mostrou porque temos que valorizar as universidades públicas, “talvez tenham ouvido isto ao longo dos anos, que universidade pública é lugar de balbúrdia, maconheiro, produção de droga sintética, orgia, pesquisas irrelevantes e perversão, essa foi uma narrativa que cresceu, tomou espaço, inclusive na linguagem política, isso não foi ao acaso. São momentos de autoritarismo, momentos em que a universidade, a ciência, as artes e a cultura viraram alvo, e os agentes das universidades passaram a ser progressivamente demonizados”.
Para ele, quem melhor forma as futuras gerações brasileiras são as universidades públicas, pois são as que têm melhores avaliações do Índice Geral de Cursos (IGC) do Ministério da Cultura (MEC). Conforme o reitor, “era escandaloso ver o resultado, as 20 universidades da região sul que atingiram a nota máxima, que é 5, todas são públicas; se você pega o conjunto das universidades brasileiras que tiraram a nota máxima, mais de 90% são públicas. Mas não é só isso, as universidades públicas brasileiras são o celeiro da produção científica e tecnológica do Brasil. Mais de 95% da ciência e das tecnologias brasileiras, saem delas. Se não fossem as universidades públicas, o combate à pandemia teria sido outro, pois foram o conjunto das universidades estaduais e federais do país que forneceram as melhores soluções de combate à pandemia”.
Segundo ele, “um país que não tem uma ciência forte não tem soberania. E para isso, a democratização das políticas de ingresso, de inclusão, só isso não basta, é necessário que estejam conectadas com as políticas de democratização de acesso, e que haja também políticas de permanência estudantil, uma política financiada de acolhimento para os estudantes com vulnerabilidades. O estudante pobre tem que ganhar bolsa, auxílio moradia ou moradia, atendimento psicológico, o aluno tem que ser cuidado. Não adianta você abrir as portas para o aluno vulnerável e não dar para ele as condições para que ele saia no final do seu percurso com um diploma debaixo do braço. A verdadeira revolução que nós fazemos dentro das universidades é essa transformação da vida dessas pessoas, e quando a gente transforma a vida delas a gente transforma o seu entorno, a sua família, a sua comunidade, transforma um país”.
O reitor conclui dizendo que “quem faz pesquisa e produção de conhecimento é a universidade pública, e quem faz ela funcionar é o aluno, que, diferentemente das particulares, aqui não é cliente, aqui ele não paga, mas sim a sociedade. Isso significa que nós temos que ter a dimensão da responsabilidade, e que cada estudante também tenha ao entrar em uma instituição de ensino público. A obrigação de cada um é defender o patrimônio do povo brasileiro, as universidades públicas, sem as quais decididamente nós não seríamos o que somos”.
Com 14 mil seguidores em seu Instagram, Fonseca se destaca pela sua influência nas redes sociais. Ele é graduado em História, pela UFPR, e em Direito, pela Faculdade de Direito de Curitiba (FDC), possui mestrado, doutorado em Direito pela UFPR e pós-doutorando pela Università degli Studi di Firenze, na Itália.
Além disso, foi professor visitante nas universidades Università degli Studi di Macerata, na Itália, Universidad Pablo de Olavide, na Espanha, e na Universidade de Lisboa. Atualmente é professor pela UFPR nas disciplinas “História do Direito” e “Teoria Geral do Estado”. Ele foi eleito reitor para o mandato 2016-2020 e reeleito para a nova gestão de 2020-2024.
É presidente do Instituto Latino-Americano de História do Direito (Ilahd), vice-presidente acadêmico do Instituto Brasileiro de História do Direito (Ibhd), membro correspondente no Brasil do Instituto de Investigaciones de História del Derecho (Inhid), de Buenos Aires, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Ihgb), editor da revista "História do Direito - Revista do Instituto Brasileiro de História do Direito (Inhd)", e membro do Comitê de Assessoramento (CA) de Direito, Arqueologia, Ciência Política, Relações Internacionais e Sociologia, no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e presidente na Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
A aula foi transmitida pelo Youtube da UEM TV e pode ser acessada por meio deste link.
Programação da Calourada: Com atividades até quarta-feira (28), a Reitoria da UEM preparou palestras e apresentações para os calouros. A programação completa de hoje (27) pode ser acessada por meio deste site.