O Parque de Exposições de Maringá lotou no último dia da Expoingá, domingo, 14 de maio. Foram 11 dias de feira com a participação intensa da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sob a coordenação da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC), a Instituição levou ciência e entretenimento, por meio do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi) e outras dezenas de núcleos de pesquisa e projetos da Universidade. A estimativa é de que mais de 500 mil pessoas passaram pelo espaço do Francisco Feio Ribeiro e boa parte aproveitou para conhecer o que a comunidade universitária oferece de melhor para a sociedade.
Uma das novidades do Mudi este ano foi a exposição organizada pelo Agromuseu e o Mudi: 'Deuses e Santos da Agricultura - Parte I - Ceres e Perséfone'. Trata-se de uma visão greco-romana para explicar as estações. Em especial, os períodos em que não se produz e aquele em que tudo floresce. De acordo com o curador da exposição, Marcílio Hubner de Miranda Neto, a equipe do Museu se inspirou em esculturas de Sara Massocco, uma artista plástica da Toscana, Itália, que fazem parte do acervo do Mudi. Na Expoingá, essas obras abriram o espaço de exposição, que também contou com atividades interativas, a partir de imagens projetadas e um vídeo com a narração da história do rapto de Perséfone por Hades, na voz da voluntária Marcia Capeletti.
Ainda segundo o professor Marcílio Hubner, “no mínimo trinta mil pessoas passaram pelo espaço e o impacto a gente avalia pelo depoimento delas. Tanto das pessoas mais leigas, quanto das com mais formação na área de arte visuais e artes plásticas. Eu sei que a gente não está no mesmo nível, mas uma mulher comentou sobre a maneira como foi contada a história da Ceres e da Perséfone e disse que se sentiu mais tocada do que quando foi na exposição do Van Gogh, em São Paulo. Isso é muito gratificante. Porque isso tudo é resultado de muito trabalho”.
Essa declaração foi reforçada pelo depoimento da estudante Milena Ito, estagiária de Comunicação, que disse que ficou “muito surpresa. As projeções me remeteram a grandes exposições interativas que vi em São Paulo e na internet. Então, ver isso em Maringá foi muito interessante. Além disso, é muito legal essa interação com a mitologia grega, que conta com histórias muito envolventes, o que enriqueceu ainda mais a experiência”.
Os professores Marcílio Hubner e Débora Sant' Ana
Hubner lembra que várias pessoas trabalharam para o sucesso da exposição, durante a montagem e o atendimento durante os dias da Feira. Na concepção da exposição: ele, Débora Sant’ Ana, Marcelo Seixas, Lorena Camargo, Alana Duarte e Nicolas Chamberlain. Na montagem, além das pessoas acima, Reinaldo Sariani foi responsável pela iluminação; João Garces, estudante de educação física, ajudou a montar o local das esculturas; e ainda contribuíram Rafael Esbeluti, acadêmico do curso de direito; Isabel Chagas, vice-presidente da Associação dos Amigos do Mudi; e Nino, servidor do Museu.
Além da visão - Outro destaque do Mudi foi a instalação “Visão de raio X”. A proposta já é montada há mais de 15 anos, o objetivo é que as pessoas possam ter a ideia de como é composto o esqueleto de humanos e de animais, e como esse esqueleto é a base de sustentação para todos os tecidos do corpo e de fixação para os músculos que ajudam a produzir os movimentos. “Colocar o esqueleto de um cavalo puxando uma charrete e, ao mesmo tempo, os esqueletos humanos sobre ela, tem por objetivo fazer as pessoas olharem para os ossos que estão ali como estrutura de sustentação, mas que além disso são estruturas que ajudam dar forma, construir movimentos e expressões”, explicou o coordenador-geral do Mudi, Celso Conegero.
Segundo o professor, a inspiração vem do Super-Homem, personagem de histórias em quadrinhos e filmes, que possui como poder a visão de raio X. “Todo mundo que olha a exposição pode ser um Super-Homem ou uma Super-Mulher, porque é como se você estivesse olhando por meio de um aparelho de raio X, você não vê tecidos moles, apenas as estruturas ósseas”, completa Conegero.
As atrações do Mudi foram um sucesso. Flagramos uma adolescente, moradora de Lobato, conversando com um monitor, dizendo: “nunca fui ao Museu, mas já ouvi falar por meio de colegas. Tenho muito interesse em ir, porque me interesso pela área da física”. Um aluno do ensino fundamental, de seis anos, disse que “ficou satisfeito porque, no Mudi, pode ver animais e as coisas de antigamente”. E uma moradora de Marialva, que sempre esteve no meio rural comemorou o fato de que “muitas pessoas que não têm contato com o campo podem conhecer muitos processos aqui nesse espaço, como a torra do café e, até mesmo, os animais que são comuns no sítio”.
O secretário do Museu da Bacia do Paraná da UEM, William Boeing, que dividiu o espaço com o Mudi, disse que não vê o museu como um lugar apenas de coisas velhas. “Acho que, desde cedo, minha visão sobre os museus foi formada de um jeito bem diferente, porque meu pai sempre me levou a vários deles quando eu era criança. Por isso, passei a enxergar esses ambientes como lugares que representam e preservam a história de uma parcela da sociedade. O Museu é lugar da nossa história e de ver o porquê as coisas são como são. No museu, temos muito a aprender tanto sobre o nosso passado quanto o presente. Algumas tendências dizem que podemos até ver nosso futuro!”
Elizabeth Custódio da Silva, funcionária UEM, declarou que o Mudi acaba com essa visão de que museu é lugar de coisas acumuladas e poeira. “É legal porque junta diversas áreas do conhecimento e vai além dessa ideia de lugar com coisas velhas. Levo sempre minha filha. Quando ela vai comigo à UEM, sempre quer ir lá.”
Balanço – Para a coordenadora de projetos do Mudi, Débora Sant’Ana, responsável pela logística do Mudi na Feira, o impacto foi muito positivo, porque a UEM “conseguiu chegar mais próximo da comunidade, expor um pouco do que tem dentro do campus da universidade, dentro do museu. Aqui é aberto para a população em geral e mostrar o que a universidade faz é sempre um impacto positivo, porque as pessoas começam a compreender o nosso papel para além do ensino de graduação, de pós-graduação. Como somos mais conhecidos”.
De acordo com a professora, nos onze dias de Feira, 250 mil pessoas passaram pelos estandes e espaços da UEM, o que significa a metade do público total do evento. Tanto no Agromuseu, quanto no Pavilhão Branco, na exposição propriamente dita.
Além disso, o número de pessoas que trabalharam para que isso acontecesse foi imenso. Só pelo Mudi foram mais de 100. “A cada dia 70 estavam no parque trabalhando, mas é preciso lembrar que nós tivemos pessoas do Mudi, professores, servidores e estudantes que começaram a atuar cerca de 30 dias antes de começar a feira. Preparando material e as exposições, organizando paisagismo e adesivagens. O planejamento como um todo. E agora que Feira acabou ainda temos umas duas semanas de trabalho de desmontagens. É um mega evento que envolve milhares e milhares de pessoas”, explica Débora.
Outra coordenadora do Mudi, responsável pela seleção de monitores do Museu, Ana Paula Vidotti, lembra da importância desta experiência de extensão para os estudantes da Universidade, que têm a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos na sala de aula. “É uma forma deles se construírem não só como profissionais, e muitos deles serão professores, estão cursando licenciaturas, mas também de lidarem com situações que vão transformá-los enquanto pessoas. Esse convívio com a comunidade é muito rico e importante”.
A própria Sociedade Rural, organizadora da Expoingá, reconhece a importância da participação dos estagiários. Um texto produzido pela assessoria de imprensa do evento destacou a terceira vez em que o estudante Pedro Henrique Perez Cunha, do quinto ano de Zootecnia da UEM, estagiou na Expoingá. “É uma experiência que terá reflexo na vida profissional e levaremos por toda a vida. Este é o ambiente em que colocamos em prática o que aprendemos na escola”, comemorou o voluntário, que se forma esse ano.
A professora Ana Paula Vidotti
Na Sala de Imprensa, setor responsável por toda a comunicação da Expoingá e da Sociedade Rural, atuou Beatriz Sayuri Endo, do curso de Comunicação e Multimeios da UEM. Aliás, essa mesma graduação também “emprestou” vários estagiários para a cobertura do evento, que fazem parte da equipe do Mudi: Luiza da Costa, Gabrielli Ferreira, Milena Ito, Maysa Ribeiro, Bruna Mendonça e Isadora Monteiro.
A presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM), Maria Iraclézia de Araújo, que também já foi estagiária na Expoingá, disse que o balanço da Feira deve ser divulgado na semana que vem. A expectativa é que mais de R$ 800 milhões tenham sido movimentados em negócios e em outros ainda serão fechados. Iraclézia ressalta “a participação das autoridades na Expoingá, o que representa uma oportunidade para a população apresentar demandas e ver suas necessidades atendidas, e agradece a participação da UEM na programação do evento”.
O pró-reitor de Extensão e Cultura da UEM, Rafael da Silva, comemorou a participação da Universidade em mais uma edição da Feira. “Trabalhamos muito. Mostramos o que temos de melhor na Instituição. A UEM sempre se supera”, concluiu o professor.
Texro produzido em colaboração com as estagiárias do Mudi e alunas do curso de Comunicação e Multimeios da UEM: Luiza da Costa, Gabrielli Ferreira, Milena Ito, Maysa Ribeiro, Bruna Mendonça e Isadora Monteiro.