Ontem (26), celebrou-se o 28° Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído (28th International Noise Awareness Day), que tem como objetivo aumentar a conscientização sobre os efeitos do ruído no bem-estar e na saúde das pessoas. Para este ano, a campanha no país, INAD Brasil 2023, traz como tema “Efeitos do ruído na comunicação” e, como lema “Ruído na comunicação? Todos sem conexão!”. Por meio deste lema, busca-se levar ao conhecimento da população a ligação que existe entre o excesso de ruído e a dificuldade de se comunicar com os que estão no seu entorno.
Em parceria com a Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac), o Departamento de Engenharia Civil (DEC), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), iniciou no mês de abril uma ação com o apoio da rádio UEM FM 106,9. Diariamente às 7h, 16h e 21h, são veiculados pela rádio, spots (produzidos na UEM FM) no programa “Entre sons e ruídos”. O objetivo é conscientizar a população sobre os efeitos nocivos do ruído na audição, na saúde, na comunicação e na qualidade de vida. Nos spots abordam assuntos variados dentro da área de conhecimento da acústica com uma linguagem direcionada à população em geral. Esta ação faz parte das atividades comemorativas do INAD Brasil 2023. A Regional Paraná da Sobrac é coordenada pelos professores: Aline Lisot Antoneto, Paulo Fernando Soares e Igor José Botelho Valques, do DEC/UEM.
No Brasil a Sobrac apoia um grupo de voluntários que se mobiliza para as atividades do INAD desde o ano de 2008. A Sobrac congrega pesquisadores, profissionais, professores, estudantes, além de instituições públicas e privadas, com interesse nas áreas inerentes à acústica, sons e vibrações. Dentre os objetivos, destaca a contribuição para o desenvolvimento da acústica e suas subáreas; promover a pesquisa, o intercâmbio e a difusão do conhecimento científico e aplicado; participar da formulação de políticas públicas e instrumentos normativos técnicos; e difundir o conhecimento em acústica.
Segundo Lisot, “os níveis sonoros elevados podem interferir negativamente na comunicação entre as pessoas. As mensagens transmitidas podem muitas vezes não ser entendidas ou até mesmo ser distorcidas. O impacto do ruído em ambientes escolares pode ser desastroso e, em ambientes de trabalho, o ruído pode inclusive contribuir para a ocorrência de acidentes. Estes são apenas dois exemplos para ilustrar o alcance que o ruído pode ter”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis sonoros de até 55 dB não provocam reações negativas no corpo humano. Mas, a partir desse valor, quanto mais forte o ruído, mais estresse pode ser provocado no organismo das pessoas. O grande problema enfrentado na atualidade é que boa parte das atividades humanas são desenvolvidas em ambientes de trabalho ruidosos, onde é ultrapassado o limite da salubridade sonora, em espaços públicos e privados despreparados em relação ao conforto ambiental sonoro, em cidades acometidas pelas mazelas oriundas do elevado volume de veículos que trafega em suas vias. Além disso, há aqueles que tentam se desconectar dos ambientes ruidosos por meio da utilização de fones de ouvido e passam a ouvir músicas com volume elevado, provocando uma exposição auditiva ao ruído ainda mais grave do que aquela provocada pelo ambiente.
O ruído é um poluente invisível e que muitas vezes não é percebido conscientemente pelas pessoas. Muitos desconhecem que, além de causar prejuízos à saúde auditiva, a exposição a ruídos excessivos pode provocar desenvolvimento de doenças cardiovasculares, problemas digestivos, cefaleia, tontura, irritabilidade, estresse, insônia, dificuldade de aprendizagem, problemas de concentração, além do desenvolvimento de problemas de saúde mental.
Para a professora, “busca-se, com esta campanha, também conscientizar a população sobre a importância de preservar-se a qualidade sonora nos espaços de permanência, sejam eles ambientes de trabalho, escolas, residências, cidades. É preciso entender que ambientes acusticamente agradáveis trazem benefícios a todos os usuários no desenvolvimento de suas atividades cotidianas, tanto no quesito produtividade quanto em relação ao bem-estar pessoal e à salubridade”.