O Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia) e o Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais (PEA) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), recebe até o início do mês de abril, a visita do cientista Koen Martens, do Instituto Real Belga de Ciências Naturais (RBINS, Bruxelas-Bélgica). No próximo dia 29, o professor ministrará uma palestra intitulada "Ever since Darwin", no Anfiteatro Keshiyu Nakatani, no Bloco G-90, às 10 horas.
Martens, diretor de pesquisa do RBINS, está na UEM desde o dia 3 deste mês, discutindo projetos de tese de doutorado e dissertação de mestrado de discentes do PEA, no qual atua como professor visitante. Ele também está auxiliando nos projetos de Iniciação Científica de acadêmicos do curso de graduação em Ciências Biológicas (CCB), do Departamento de Biologia (DBI/UEM). Quem coordena essas atividades é a bióloga Janet Higuti.
O professor Martens participa das atividades de coleta e pesquisas do projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), realizado há mais de 20 anos na planície de inundação do alto Rio Paraná (PIAP), coordenado atualmente pela bióloga Cláudia Costa Bonecker. Em trabalho conjunto com a sua anfitriã, Higuti, ele investiga Ostracoda de água doce, pequenos crustáceos bivalves, que abundam nas plantas aquáticas e no sedimento de rios em diversos ecossistemas.
O cientista iniciou a sua colaboração com o Nupélia no ano de 2004. Segundo Martens, “nesse período mais de 50% das espécies de Ostracoda desta área eram desconhecidas para a Ciência".
Com a colaboração da professora Higuti e os seus alunos do PEA, iniciaram a descrição de novas espécies e novos gêneros de Ostracoda, e utilizaram esse microcrustáceo, como um grupo modelo, para formular e testar hipóteses na pesquisa ecológica. "Programas de monitoramento ecológica a longo prazo foram sempre vitais para compreender o funcionamento dos ecossistemas", afirmou Martens.
De acordo com o cientista, ‘agora’ com o reconhecimento dos efeitos devastadores das alterações climáticas, tal investigação torna-se ainda mais importante. “O PELD/PIAP tem coletado dados há mais de duas décadas e, esses dados constituem uma base de referência à para dados futuros poderem ser comparados", exemplificou.
Bióloga Janet Higuti e cientista Belga Koen Martens junto com acadêmicos de Iniciação Científica e pós-graduandos do PEA, Jonathan da Rosa, Mariana Alice dos Reis, Nadiny Martins de Almeida, Rayane Borçato Molena e Vitor Góis Ferreira
Pesquisa de ponta na UEM – O cientista estrangeiro acredita que “as pesquisas podem e devem também conduzir recomendações que suportem as políticas de gestão e conservação dos ecossistemas.” Além disso, Martens considera que “uma melhor compreensão do funcionamento dos ecossistemas conduzirá também a uma melhor apreciação dos serviços que os ecossistemas podem prestar no apoio à própria biodiversidade, mas também contribuir para a economia”. Ele ainda justificou, por exemplo, que a planície de inundação do alto Rio Paraná proporciona atividades econômicas como a pesca, o turismo e outras atividades afins. "A preservação da biodiversidade e o incentivo de atividades econômicas podem andar de mãos juntas", reiterou.
Martens salientou também que a crise econômica global teve um impacto no financiamento das pesquisas. "A pesquisa científica, como qualquer atividade humana, requer investimentos e a redução de financiamentos para a pesquisa em nível mundial é uma estagnação para a construção do conhecimento", lamentou.
O pesquisador Belga disse também que a pesquisa é uma atividade internacional. O apoio ao processo de internacionalização na UEM também foi ressaltado durante a sua entrevista. "A internacionalização da pesquisa e educação na UEM tiveram um salto qualitativo e quantitativo, durante a última década. O Nupélia, um núcleo especializado em ecossistemas de água doce tem fortalecido essa evolução com pesquisas de ponta", comentou.
A vinda do pesquisador à UEM ocorreu devido ao esforço conjunto entre Nupélia, PEA e a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PPG) e o Instituto Real Belga de Ciências Naturais.