Nesta data, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) homenageia algumas mulheres com mais tempo de trabalho na universidade, que atuam na instituição há mais de 40 anos, reconhecendo a importância da colaboração delas na construção de uma instituição pública, gratuita, inclusiva e de qualidade. Cada uma com sua parcela de contribuição, atuando como agente universitária no âmbito administrativo ou exercendo a docência na esfera acadêmica, ajudando a alavancar posições como, por exemplo, no ranking internacional que aponta a UEM como a instituição que mais reúne pesquisas feitas por mulheres nas Américas e do Hemisfério Sul (CWTS Leiden Ranking 2021, no link.
Zenilda Soares Beltrami, administradora, 48 anos de atividades na UEM
Zenilda Soares Beltrami, 66, funcionária da UEM há 48 anos, conhece cada parte da universidade em Maringá, como se o câmpus fosse extensão da sua casa, já que morava na zona 7. Ela ingressou na instituição em 14 de fevereiro de 1975, no mesmo ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o “Dia Internacional da Mulher”, como auxiliar de escritório, na Diretoria de Assuntos Acadêmicos (DAA) e, no ano seguinte, iniciou o curso de graduação em Engenharia Química, período em que havia mais mulheres nas áreas de licenciaturas e a faculdade era paga (nas décadas de 70 a 80 a UEM era fundação e havia cobrança de uma taxa). “Comecei fazendo algumas disciplinas no período diurno e trabalhava à tarde e à noite, mas não concluí a graduação pelas dificuldades já que o curso era integral. Fiz outro vestibular e cursei Administração na UEM”, mencionou.
Em seguida, passou em 1° lugar como auxiliar administrativo, no setor de Contabilidade da UEM, mas “o momento de alegria se tornou em decepção, porque alegaram que uma mulher não poderia assumir um posto liderado por homens. Minha 1ª chefe da DAA, Lízia Nagel, conseguiu um acordo junto à reitoria e superintendentes da época para que eu assumisse o cargo, mas permanecendo na DAA. Essa barreira acabou gerando jurisprudência e outras pessoas de outros concursos também foram de certa forma beneficiadas”, mencionou.
Colaborando com um grupo de mães da UEM e, junto ao sindicato da categoria, Zenilda destacou a luta para conseguir que uma creche fosse construída no câmpus-sede. “Minha filha caçula ficou apenas seis meses na creche da universidade, porque a demanda era grande, mas abrimos caminhos de mudanças com a construção da creche já que na época pertencíamos ao regime celetista de trabalho e por determinação de lei, as empresas com mais de 100 funcionárias teriam direito à creche para seus filhos e filhas”.
A funcionária mais antiga da UEM já foi professora colaboradora por um período no curso Administração, quando terminou a graduação, mas preferiu continuar na área administrativa na DAA por 10 anos, na antiga Diretoria de Pessoal, que depois seria transformada em Pró-Reitoria de Recursos Humanos (PRH), onde também atuou durante nove anos e, depois foi transferida para o Hospital Universitário, junto ao Hemocentro, onde também assumiu a diretoria durante três anos.
Atuou como membro da comissão para estudos e implantação do Hospital Universitário Regional de Maringá e no Hemocentro destaca a participação como a primeira mulher Administradora (pioneira) a fazer parte de treinamentos e de oficinas técnicas do Hospital Sentinela, criado pela Anvisa no ano de 2002, para 50 hospitais universitários e de hospitais de alta complexidade regulamentando serviços de gerenciamento de riscos. “Toda essa qualificação que atingiu mais de 200 hospitais do País foi possível graças ao empenho de equipe do HU e Hemocentro”, considerou.
Atualmente, Zenilda Soares Beltrami é encarregada do setor Educação Permanente e Humanização da Assistência, no Hospital Universitário (HU) da UEM. Encarar desafios é palavra recorrente para ela, apesar das dificuldades. Mãe de três filhos e avó de cinco netos, sofreu com a perda do companheiro, João Emílio Beltrami, 67, por complicações da Covid-19. “Foram anos de vida e de trabalho juntos”. Ela seguiu lutando, literalmente, e relatou que o amor aos filhos e ao esporte a ajudaram a superar e quebrar barreiras.
Durante sua juventude até seu casamento foi arremessadora de peso e jogou basquete. “Após 27 anos, voltei a caminhar e, meses depois voltei a correr, por meio de maratonas e de corridas. “Você pode ter uma família, praticar esporte e ter sua carreira, uma coisa complementa a outra. Tive mais trabalho, mais garra e deu certo”, comentou.
Do futebol feminino ao atletismo e maratonas
“Vivências para aprendermos, inclusive no esporte” (Foto: Arquivo pessoal)
Ela enfrentou barreiras com um pai machista, que não queria sua filha praticando esportes, mas contava com apoio de sua mãe para poder participar de jogos e competições fora da cidade quando era jovem. Também lembrou do preconceito da época em que “a olhavam diferente” só porque usava shorts nas disputas. Determinada e de postura firme, diz que nem sempre foi assim e contou que, durante o regime militar, as alunas do Instituto de Educação e do Gastão Vidigal decidiram se enfrentar em um jogo de futebol no estádio, no fim de semana. Resultado: “todas levamos suspensão da diretoria, porque a lei da época (Ditadura) proibia esse tipo de atividade feminina”, lamentou.
No ano de 1975, participou junto com a sua irmã da 1ª Prova Rústica Tiradentes, por incentivo de seu técnico como parte do preparo físico, já que fazia arremesso de peso. “Participei meio de contra-gosto, porque não gostava de corrida naquele tempo e, fui ‘convencida’ a incentivar a participação de mais mulheres no atletismo e nas provas de ruas, já que poucas praticavam a modalidade”, relembrou.
Durante o intervalo da vida acadêmica e de profissional, treinava logo após o jantar. Participou de Jogos Brasileiros Universitários, entretanto quando convocada para campeonatos brasileiros “para representar o estado do Paraná não tinha liberação das chefias”.
Aos 51 anos de idade, ela decidiu fazer corridas, após doar um rim para seu filho, por recomendação médica e “para sair do sedentarismo já que a maioria da minha família tinha hipertensão”, mas tinha como meta participar da Maratona da Grécia e, como preparativo, viajou para Foz do Iguaçu (PR) para correr parte dos 32 km. “Resultado: acabei concluindo todo o percurso. Fiquei surpresa em ganhar a corrida, na categoria de 60 a 64 anos, e um prêmio de R$ 800”, comemorou. Depois disso, ela obteve a 4a posição, na Maratona na Grécia. Viajou para outras corridas em Nova Iorque (EUA), Berlim (Alemanha) e Chicago (EUA). “Estava inscrita para a Maratona de 2020 em Londres (Inglaterra), mas não pude participar, porque a prova foi cancelada devido à pandemia. No ano de 2021, a disputa ocorreu só para 30 atletas profissionais”, lamentou.
Beltrami também participou de Meias-Maratonas em Buenos Aires (Argentina), Chile, Peru, Uruguai (Punta Del Este) e da Corrida do Fim do Mundo em Ushuaia, na cidade mais austral do mundo. “É gratificante quando terminamos as provas e alguém tira sua foto para compartilhar nossas referências às mães, namoradas ou esposas. Ser mulher, corredora e profissional é uma experiência incrível. São vivências para aprendermos”, finalizou Beltrami.
Experiência marcante numa área considerada masculina
Maria do Carmo de Souza, pregoeira da UEM: “Mulher tem que gostar de ser mulher”
Orçamentos, pregões eletrônicos, editais e licitações públicas fazem parte da rotina diária da servidora técnica Maria do Carmo de Souza, pregoeira da Divisão de Compras, da UEM. Com 46 anos de atividades na área, 68 de anos de idade, nem pensa em aposentadoria, mas quando se trata da questão do sexo feminino, ela defende que “mulher tem que gostar de ser mulher”.
Ela compara a vida feminina como um processo de licitação pública. “Temos que cumprir as regras e seguir passo-a-passo das leis, até finalizarmos o trabalho de escolhas das propostas, reunirmos orçamentos, cotações de preços, escolhas do menor preço, agendamentos, fazer publicações em editais para empresas participarem de leilões, indicar pregoeiro, informações de parecer técnico para compras dos produtos e equipamentos”, relacionou.
A transparência também é considerada fundamental para o conhecimento público. Desde que atua na UEM, a servidora comentou que já passou pelo mimeógrafo, máquina de escrever, cartas convocatórias, trabalhos de produção e reprodução, grandes e microcomputadores, elaboração de processos, certames e períodos longos e curtos até a execução de compras e liberação de recursos do governo. “A internet veio para facilitar, mas ainda tem burocracias”, lamentou.
No percurso de construção da sua carreira já atuou como chefe de Recursos Humanos da universidade, durante 20 anos. Trabalhou em diversos setores administrativos do campus-sede da UEM. “Foram muitos desafios sempre em busca da humanização do trabalho e, como mulher, tive experiências marcantes numa área considerada masculina, mas nunca houve menosprezo”, afirmou Maria do Carmo.
Mulheres no front: abertura de fronteiras da graduação e pós-graduação de Enfermagem
Sonia Silva Marcon, professora titular do Departamento de Enfermagem da UEM, 1ª pesquisadora de Enfermagem, do Estado do Paraná no CNPq
A professora titular e pesquisadora, Sonia Silva Marcon, 63, iniciou sua carreira exatamente no Dia Internacional da Mulher (8 de março de 1983). São 40 anos de carreira, mas ainda não pensa em aposentadoria, já que, segundo ela, “seu ritmo profissional a permite ser mais produtiva”.
Formada na Universidade Estadual de Londrina (UEL), trabalhou no Hospital Universitário e Hospital do Câncer de Londrina. Junto com outras duas mulheres, ela foi a terceira professora contratada para o Departamento de Farmácia da UEM, quando ainda nem existia o Departamento de Enfermagem (DEN), lecionando para as disciplinas de conhecimentos específicos. Fez mestrado e doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Atualmente é representante no Comitê Assessor da Área de Enfermagem, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde a UEM é a única instituição de ensino superior estadual junto com outras duas mulheres e um professor, membros de universidades federais.
Marcon ainda é coordenadora do projeto ensino intitulado “Acompanhando o plantão docente no HUM” desde 2009, também criou a Revista Ciência, Cuidado e Saúde: Disseminando Conhecimento na Área de Enfermagem, da qual é editora e faz parte como membro do CABIC- Comitê de Bolsas de Iniciação Científica da UEM, além de manter três projetos de extensão destinados à comunidade na área de assistência e apoio às famílias de pacientes crônicos com câncer, cuidados paliativos para aqueles que estão fora de possibilidades terapêuticas com alunos da graduação, da pós-graduação e de enfermeiros.
Também é orientadora de teses e dissertações que, nos últimos anos, envolvem os temas de relações familiares, por mulheres em situação de doença doméstica e de gestação de auto risco, vivenciada por mulheres com Lupo (doença auto imune que afeta principalmente as mulheres em idade fértil), e, por meio do seu projeto Bolsa Produtividade, do CNPq, intitulado “Do sonho à realidade: mudanças nos âmbitos familiar e social nos hábitos, comportamentos e condições de vida, saúde e doença após a aposentadoria”.
A pesquisadora também desenvolve com recursos da Fundação Araucária, contemplado no ano de 2021, o projeto “Telemonitoramento na rede de atenção às condições crônicas como recurso de apoio à autogestão da doença por pessoas com Diabetes Milletus e hipertensão arterial”. Marcon considera que "as mulheres estão no front de estudos e de pesquisas relevantes". E acrescentou que "cumpriu seu papel abrindo fronteiras na graduação e pós-graduação".
Escolhas e oportunidades para transformação
Agnes Munhoz Rubira Babata, do Processamento de Dados à TI: “Não existe limites para a mulher”
Com quatro décadas atuando na área de Tecnologia da Informação (TI), lotada na Divisão de Produção, do Núcleo de Processamentos de Dados da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Agnes, 65, ingressou na carreira no dia 13 de novembro de 1978, como Programadora de Computador. “Um pouco antes de concluir o curso de graduação em Processamento de Dados já atuava nessa atividade exerci por quase 10 anos”.
De acordo com a servidora, “a chegada dos primeiros microcomputadores na UEM, permitiu o atendimento ao usuário com a preparação dos primeiros cursos, por meio do sistema operacional ‘DOS’ e de editores de texto”. Nesse período ela também ministrou cursos para funcionários técnico-administrativos e prestava serviços para auxiliar professores.
Como analista de informática foi supervisora de um setor do NPD, que mantêm laboratórios com microcomputadores para aulas práticas aos cursos de graduação e de pós-graduação. O setor também desenvolve serviços de instalação de softwares e manutenções.
Agnes disse ainda que elaborou um Projeto de Prestação de Serviços, que coordena desde de 1995. “De início, ofertávamos cursos de informática à comunidade interna, produção para anais e eventos em CD’s, elaborávamos pôsteres, além de oferecer serviços de impressões e outros tipos de atendimentos na área”.
Segundo a servidora, as mulheres conquistaram espaço na sociedade ao longo dos anos, inclusive na UEM, “mas ainda hoje, uma parcela da sociedade, infelizmente, quer que acreditemos que não somos capazes”. Parafraseando uma frase de Michelle Obama, acrescentou: “Não existe limite para o que nós, como mulheres, podemos realizar”.
Alice Batista, Diva Cândida Garcia e Neuci de Freitas: quatro décadas dedicadas ao trabalho
Alice Batista: “Aqui eu tenho mais direitos e trabalho naquilo que gosto”
Três servidoras da UEM, Alice Batista, 61, Neuci de Freitas, 64, e Diva Cândida Garcia, 68, além de serem colegas de trabalho, têm em comum mais de 40 anos de atividades na UEM. Elas trabalham como auxiliar operacional de cozinha e nas suas escalas servem carnes durante as refeições no Restaurante Universitário do campus sede da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Para Alice Batista, que há 40 anos exerce a função de auxiliar operacional de cozinha no RU, a letra da música, “Dizem que a mulher é o sexo frágil, mas que mentira absurda”, do compositor Erasmo Carlos, é o resumo da vida feminina.
Antes de conquistar uma vaga no Restaurante Universitário (RU) trabalhou dois anos numa cooperativa da cidade, no setor de fiação de algodão. “Lá era diferente porque nem se pensava em carreira”, citou.
Divorciada, três filhos, ela diz que a UEM sempre foi extensão da casa dela. “Aqui eu tenho mais direitos e trabalho naquilo que gosto”, resumiu. Ela lembrou que conciliou suas três gestações trabalhando na UEM, “numa época em que não tínhamos creches, nem na cidade”, lamentou.
A servidora contou que conciliar a vida particular com três filhos e trabalho foi uma experiência difícil. “Exerci a função de pai e de mãe ao mesmo tempo, mas aguentei a correria do dia-a-dia”, comentou.
A dedicação a fez seguir adiante, porque, segundo a servidora, a valorização dos filhos pela sua luta diária já é considerada uma batalha vencida.
Ela disse ainda que sente orgulho quando alguns estudantes, já formados como médicos, dentistas e outras profissões na UEM passaram pelo RU e a reconhece em suas clínicas.
Diva Cândida Garcia: "A mulher pode tudo, basta querer fazer”
A funcionária do Restaurante Universitário (RU), Diva Cândida Garcia, casada, 68 anos de idade e 43 anos de profissão, passou em primeiro lugar no concurso público da UEM. Ela não teve filhos, mas criou um sobrinho que ficou órfão desde os dois anos de idade até a fase adulta. “A mulher pode tudo, basta querer fazer”, acrescentou. Entre seus sonhos, mencionou que “o salário das mulheres deveria ser igual no mundo todo com mais oportunidades de empregos”.
Apesar das desigualdades e preconceitos, a servidora diz a maioria das mulheres também acumula funções de trabalho e domésticas, além das maternas. “Ficamos sobrecarregada, mas a mulher pode tudo, basta querer", alertou.
Neuci de Freitas: "Se não fizesse isso, eu não seria a mulher que me tornei hoje"
A auxiliar operacional Neuci de Freitas, três filhos, há 41 anos trabalha no RU, relatou que começou a atuar como auxiliar de escritório, numa empresa familiar, depois na UEM. “Quando entrei aqui pensava que não ia aguentar com o peso das panelas grandes para ariar, mas tive ajuda do pessoal”. Segundo ela, um dos desafios como mulher foi enfrentar a separação numa época em que o preconceito era grande contra as divorciadas. “Tinha medo de ficar sozinha, mas superei essa barreira. Se não fizesse isso, eu não seria a mulher que me tornei hoje”, comentou.
Na opinião da funcionária, a invisibilidade da mulher ainda é grande, inclusive no trabalho. Ela argumentou: “talvez por usarmos uniforme, muitos servidores e professores não nos reconhecem quando estamos em outros lugares”, lamentou.
Neuci mencionou que o plano de carreira e a capacitação em cursos melhoraram a sua trajetória profissional, não só na renda, como na transformação da sua vida pessoal. “Faria tudo de novo”, relatou.
As três servidoras da UEM ficaram afastadas de suas funções durante quase três anos e meio para reformas no Restaurante Universitário e auxiliaram em outros setores e laboratórios. “Foi uma oportunidade para conhecermos outros setores e fazermos mais amizades”, justificaram.
A grande maioria masculina
Gisella Maria Zanin: “Quando a gente faz o que gosta, nada pesa”
A sua história da carreira de 46 anos na Universidade Estadual de Maringá (UEM) se mistura com o início do curso de Química, que mais tarde fez a migração para Engenharia Química (1972), quando o curso foi implantado na instituição e contava com outras três mulheres. “A grande maioria masculina”, comentou Gisella.
Em 1975, outro desafio para a pesquisadora: a Petrobras começava o processo de seleção de alunos para concluírem o curso em outras Instituições de Ensino Superior para complementar a formação com engenharia de petróleo. “Nem a palestra de apresentação para o recrutamento as alunas puderam participar”, lamentou.
Segundo a pesquisadora, as quatro alunas do DEQ concluíram a graduação em 1976 e, em agosto do mesmo ano, já estavam contratadas. E entre seus alunos homens, sete deles eram seus colegas de turma, no semestre anterior. “Antes de começar a aula comentei ‘a única diferença entre eu e vocês, é que eu tenho o diploma e já cursei essa disciplina, então vamos aprender juntos’”, lembrou Gisella.
Ministrando aulas e realizando projetos estratégicos na área, relatou que lecionou até agora para mais de dois mil alunos graduados na UEM. Fez mestrado, mas não defendeu a sua dissertação, porque segundo ela foi selecionada para ir direto ao doutorado na Unicamp. “Iniciei minha pesquisa de dissertação que depois me levou a concluir o doutorado, em 1989, sem defender o Mestrado e essa lacuna consta no meu Curriculum Lattes”, reforçou.
Por um período curto, a pesquisadora conseguiu uma bolsa de estudo no exterior, na qual tinha 100 concorrentes e ela foi uma das 20 que passou, por meio de um edital da Finep, para um estágio de quatro meses em áreas estratégicas de Etanol de Ligno Celulósico, para toda uma linha de combustíveis alternativos. “Também fiz um semestre do doutorado”, complementou.
Ela acredita que faria tudo de novo e concluiu “quando se faz o que gosta, nada pesa”. Durante o Jubileu do Departamento de Engenharia Química, comemorado no ano passado, relatou: “Tenho a consciência que contribui com o DEQ tanto nas disciplinas, como na busca de financiamentos para infraestrutura geral e de pesquisa, mas a minha maior contribuição foi aceitar o desafio, 15 dias após defender o doutorado, de coordenar o projeto para criação e implantação da pós-graduação do Mestrado, criado em 1990 e implantando em 1991” (sic).
Homenagem especial
Iniciativas voltadas à igualdade e enfrentamento à violência doméstica e de gênero no âmbito universitário
A Universidade Estadual de Maringá (UEM), por meio do Núcleo Maria da Penha (Numape), presta atendimento jurídico e psicossocial às mulheres em situações de enfrentamento à violência doméstica. Além disso, presta informações e orientações às mulheres em situação de violência, que enfrentam também problemas de convívio afetivo, familiar, social e de gênero.
O Numape ainda luta no sentido de ampliar e reestruturar a rede de enfrentamento à violência doméstica, o que existe, segundo o setor, em apenas 11% dos municípios brasileiros.
Em pleno século XXI, as estatísticas ainda demonstram que o preconceito de gênero não só prejudica as mulheres no mercado de trabalho, como a sua vida é afetada, já que a violência de gênero, o abandono de seus parceiros durante a gestação e os assédios enfrentados por muitas mulheres no Brasil são uma realidade.
Por meio da coordenação das professoras da UEM, Carolina Laurenti, do Departamento de Psicologia, e Isadora Vier Machado, do Departamento de Direito Público, foi lançada em 2022, na universidade, uma Cartilha ContrAbuso, uma minuta de protocolo apontando os passos para o enfrentamento à violência sexual no ambiente universitário da instituição. A minuta contém orientações gerais para o enfrentamento das situações de discriminação, assédio, violência contra as mulheres e violência de gênero. A proposta é institucionalizar na universidade uma política para detecção do problema, acolhimento das vítimas, encaminhamento e acompanhamento dos casos.
Gisele Mendes, vice-reitora da UEM, também deixa uma mensagem especial para todas as mulheres da instituição.
Leandro Vanalli, reitor da UEM, destaca a importância da comemoração do Dia Internacional da Mulher e comenta sobre os desafios.
Serviço: A partir de hoje (8), a UEM TV, exibirá, semanalmente, uma série documental com depoimentos sobre trajetória de vida e carreira, de algumas das servidoras com mais tempo de instituição. Trata-se da produção vídeo documentário intitulado “Vozes Femininas: o que as mulheres tem a dizer?”
A UEM FM 106,9 também está divulgando em áudio-gravação uma mensagem especial para as mulheres.