Era 11 de maio de 1976 quando a Universidade Estadual de Maringá foi oficialmente reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC), quase sete anos após ter tido a criação autorizada por lei estadual, em 6 de novembro de 1969. O reconhecimento, por meio de um decreto (nº 77.583), colocou a instituição em outro patamar na medida em que passou a conferir a ela totais condições de oferecer cursos de graduação, além permitir que também fosse capaz de funcionar plenamente como uma instituição de ensino superior.
Antes deste reconhecimento, a UEM estava apenas criada, mas não tinha a autorização para, entre outras competências, oferecer novos cursos e nem ampliar o número de vagas. Em si mesmo, o decreto do MEC foi um fator decisivo para a vida da universidade por assegurar que a instituição satisfazia as exigências dos órgãos federais para existir e funcionar, conforme lembrou o professor Reginaldo Benedito Dias, do Departamento de História, em depoimento sobre a importância desta data.
Para ele, o reconhecimento abriria um processo de transformação organizacional adaptado aos preceitos da reforma nuniversitária de 1968, lembrando que a UEM, antes da fundação, era constituída pelas faculdades de Economia, Direito e a de Filosofia, Ciências e Letras, vindo a se somar, na sequência, o Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (ICET).
A partir de maio de 1976, na prática foram extintas as antigas unidades e criados os primeiros centros de ensino e departamentos, modelando a estrutura administrativa como se conhece hoje. Naquele ano foram criados o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH), de Tecnologia (CTC), de Ciências Biológicas e da Saúde (CBS), de Ciências Exatas (CCE) e o Centro de Estudos Socioeconômicos (CESE).
Área da passarela central em 1978
Atualmente são sete centros, sendo que o CBS deu lugar aos Centros de Ciências da Saúde (CCS), de Ciências Biológicas (CCB) e de Ciências Agrárias (CCA). O CESE teve a nomenclatura e a sigla alteradas, passando a ser denominado de Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CSA).
Abriu as portas
Outra data importante na história da UEM é 28 de janeiro de 1970, quando a universidade de fato foi criada pelo Decreto Estadual 18.109. Os momentos que antecedem ao decreto de 1969 passam pela composição, em 1968, por decisão do poder público municipal de Maringá, da Comissão de Planejamento da Universidade de Maringá. Ela elaborou um anteprojeto de lei para ser encaminhado ao governador. No início de 1969, o prefeito Adriano José Valente instituiu o Grupo de Trabalho para a Instalação da UEM, sob a presidência do professor Flávio Pasquinelli.
Outro professor da instituição, Argemiro Aluísio Karling, coordenou o Grupo de Trabalho para o Reconhecimento da UEM. Em depoimento para os trabalhos relativos aos 50 anos da universidade, ele disse que este reconhecimento foi a base para a expansão, uma espécie de passaporte que abriu as portas para a formação de convênios, financiamentos e criação de cursos, independente de autorização do MEC, e validação dos diplomas da UEM.
Diversas pessoas ajudaram a UEM a trilhar o caminho de uma instituição de ensino superior respeitada no Brasil e fora dele, alcançando, por exemplo, posições de destaque em diversos rankings internacionais, o último deles em abril deste ano quando ela foi classificada como a 5ª universidade brasileira que mais contribui para a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). O Impact Rankings 2022, da revista inglesa Times Higher Education, avaliou mas de 1.400 universidades no mundo em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Patrimônio científico, cultural e histórico de Maringá, levando o desenvolvimento para os municípios da região onde está inserida, a instituição, embora relativamente jovem, é, por exemplo, a 22ª da América Latina, 13ª do Brasil e a 2ª do Paraná no levantamento do Scimago Institutions Ranking (SIR), da Espanha, para avaliar o desempenho da pesquisa, resultados de inovação e impacto social medidos pela visibilidade na web.
Foto de 1989 mostra a expansão física do câmpus sede
Desde o início, a UEM optou por ser uma instituição multicampi, atuando no desenvolvimento das diversas regiões e adotando também a política de verticalização do ensino, por meio do investimento na capacitação dos professores.
Novos cursos
De 1970 a 1976, quando ocorreu o reconhecimento, a história da UEM foi marcada pela ocupação gradativa do câmpus definitivo e pela implantação de 15 cursos de graduação. A partir do reconhecimento, em 1976, ela passou a adotar o modelo de departamentos coordenados por centros. A coordenação didático-pedagógica dos cursos passou a ser feita pelos colegiados de curso, e os departamentos assumiram, então, características mais administrativas.
De 1978 em diante, foram identificadas algumas tendências que, sistematizadas por temas, enfocavam as atividades-fim da Universidade: ensino, pesquisa, extensão, cultura e as atividades administrativas. Novos cursos foram criados: Psicologia, em 1979; Enfermagem e Obstetrícia, em 1981; bacharelado em Química, em 1984; bacharelado em Geografia, em 1987; e bacharelados em Física e Ciências Biológicas, em 1988.
A UEM começou a ganhar ares de abrangência regional em 1986, com a criação e a implantação da Extensão na cidade de Cianorte, hoje Câmpus Regional. A criação dos cursos de Medicina e Odontologia, em 1988, resultou na implantação do complexo de saúde formado pelo hospital, clínica odontológica e a Unidade de Psicologia Aplicada, além do Hemocentro Regional.
Visita do educador Paulo Freire, no início da década de 1990
Na pós-graduação, a universidade começou, nos anos de 1980, a aumentar o número de cursos de especialização lato sensu. Atualmente são oferecidos mais de 60 cursos. Além disso, foram criados em 1986, em nível de pós-graduação stricto-sensu, os dois primeiros mestrados, um em Ciências Biológicas e o outro em Química Aplicada. Atualmente, são ofertados 85 cursos stricto-sensu em 56 programas de pós-graduação: 44 de mestrado acadêmico, 12 de mestrado profissional e 29 cursos de doutorado acadêmico. A Universidade ainda conta com mais de 60 cursos de graduação na modalidade presencial e nove a distância.
Vetor fundamental
O vice-reitor Ricardo Dias se recorda que a UEM foi criada a partir de uma demanda num momento em que a comunidade local buscava educação superior de qualidade para os jovens e formação profissional para cobrir as lacunas desta região no norte do Estado. Logo, alcançou algumas metas e, num curto período, avançou em outras frentes, em particular na pesquisa e na extensão. Assim, passou a produzir conhecimento, inovação, cultura e, com a criação do complexo da saúde, principalmente por meio do hospital universitário, começou a prestar também assistência de saúde para a população de dezenas de municípios no norte e oeste paranaenses.
Ele se recorda, ainda, que durante estes mais de 50 anos a UEM estendeu os braços para o interior do Estado, por meio dos câmpus regionais e das solicitações de pesquisa e dos diversos projetos que a instituição desenvolve. “Hoje, consolidada como uma das mais respeitadas universidades do País e da América Latina, passou a enfrentar novos desafios, como o fortalecimento de ações afirmativas, a excelência em todas as áreas de atuação e a ampliação das parcerias, com foco no desenvolvimento regional e na internacionalização”, diz o vice-reitor.
Vice-reitor Ricardo Dias Silva
Na análise dele, para um futuro próximo a instituição, ao superar os novos desafios impostos, lembrando que eles foram grandes especialmente nos últimos dois anos, a UEM deve ocupar uma posição ainda maior de destaque como um vetor fundamental para os desenvolvimentos social, econômico e cultural do Paraná e do Brasil. Neste 11 de maio, ao celebrar mais um aniversário de seu reconhecimento, “cabe à gente parabenizar a todos que fizeram e fazem parte desta linda história composta pela UEM no norte do Paraná”.