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Com 25 anos de história, a serem comemorados no dia 4 de dezembro, a Rádio da Universidade Estadual de Maringá (UEM) se consolidou como uma das principais emissoras radiofônicas da cidade, além de ser referência de programação para outras instituições de ensino superior paranaenses.
Uma cerimônia, nesta sexta-feira (3), pela manhã, no auditório do Dacese (Bloco 125), celebrou os 25 anos da rádio (veja detalhes da cerimônia mais à frente). O local escolhido é carregado de simbolismo, uma vez que o Dacese foi palco de algumas das mais expressivas assembleias de greve, reuniões e eventos que marcaram a história da instituição.
Surgida com o nome de Rádio Universitária FM, a UEM FM opera na frequência 106,9 MHz, teve e tem uma participação efetiva na história da própria universidade. Fez coberturas históricas de debates na campanha para a Reitoria, conversou com artistas consagrados no cenário nacional, entrevistou candidatos nas eleições para prefeito de Maringá, entre outros eventos, além de ter organizado e coberto diversas edições da Mostra de Moda Caipira (organizado pela emissora), e que durante muitos anos foi um espaço de reconhecimento e valorização dos artistas apaixonados pela música de viola.
A exemplo de outras emissoras do gênero no Brasil, a UEM FM também enfrentou dificuldades no início, tanto de ordem burocrática como de infraestrutura e equipamentos. Contou, no início, com a colaboração de outras rádios do Paraná, que gentilmente cederam transmissor, antena e demais componentes. Com envolvimento da comunidade da UEM e o empenho dos reitores e vice-reitores, ela foi se organizando e hoje, apesar dos problemas de espaço, carência de pessoal e pouco suporte financeiro, continua a exercer um importante papel na difusão do conhecimento gerado na universidade.
Possui uma grade diversificada de programas culturais e jornalísticos. Operada por técnicos, programadores, jornalistas e locutores, funciona como campo de estágio para estudantes de diversos cursos de graduação, especialmente o de Comunicação e Multimeios. Instalada desde o início na antiga garagem da Reitoria, câmpus sede, em Maringá, a UEM FM entrou no ar no dia 4 de dezembro de 1996, às 20h, após um ano da liberação da concessão. Além do pronunciamento da então assessora de Comunicação Social, Marialva Taques, a música “Chega de Saudade”, o tema clássico da bossa nova de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, foi ouvida na solenidade de inauguração da emissora, que, na época, passou a operar em caráter experimental, das 8h às 18h.
No início, um pequeno transmissor de 250 Watts e antena de transmissão com quatro elementos, cedidos em regime de comodato pela Rádio Educativa do Paraná e pela Rádio Universidade Estadual de Londrina, respectivamente, levavam para a comunidade universitária e local os programas produzidos no estúdio da Rádio. Foi recebendo doações de outras rádios, como mesa de áudio (cinco canais) e discos de vinil da comunidade, que a emissora se consolidou, sendo dona, hoje, de um considerável acervo discográfico.
Com novos e equipamentos mais modernos, a emissora opera atualmente 24 horas ininterruptamente, procurando garantir uma programação rica e variada. Peças musicais populares brasileiras de várias épocas, gêneros e estilos dão o tom aos programas que, somados às notícias da UEM e região, compõem a UEM FM.
Conta com programação musical (samba, forró, jazz, anos 80, clássico, caipira e popular) e jornalística (informações de meia em meia hora). É possível ouvi-la pela Internet, em qualquer lugar do mundo.
Nada menos que 30 programas compõe a grade. A rádio opera com potência de 6 KW (quilowatts), alcançando as regiões Norte e Noroeste do Paraná, um raio com cerca de 100 KM e ao menos 50 municípios. Tem acervo discográfico com mais de quatro mil títulos, formado graças à doações da comunidade. Dois jornalistas, dois produtores musicais, dois locutores, três operadores de áudio, um auxiliar de produção, uma secretária, um acadêmico estagiário bolsista e colaboradores voluntários ajudam a fazer a programação.
O espaço físico da rádio, no prédio da Reitoria, inclui sala de recepção, secretaria, programação, dois estúdios, além de um anexo para abrigar os transmissores.
Ademir de Souza e Nilson Fidélis no estúdio
Funções básicas
Ao falar sobre a relevância de uma rádio universitária como a da UEM, Marcelo Galdioli, um dos primeiros funcionários e atual coordenador da emissora, explica que a UEM FM é uma emissora educativa, portanto, na concepção dele, existem quatro funções básicas que justificam a existência dela. A primeira é a divulgação de toda a produção universitária. A segunda é dar visibilidade aos projetos de extensão da universidade. A terceira função é o desenvolvimento de atividades de laboratório (estágios) na formação de novos profissionais em parceria com o curso de comunicação. A quarta é socializar e popularizar o conhecimento cientifico produzido na UEM.
Galdioli destaca que recentemente a importância da rádio universitária cresceu à medida que se intensificaram os ataques ao ensino superior e, principalmente, ao ensino superior público e gratuito “e é evidente que na nossa universidade pública produzimos muito e com qualidade. E estas informações precisam chegar à população”.
Vale lembrar que há ainda uma diferença básica entre o conceito e a função de uma rádio universitária ou educativa e de uma comercial. Como explica o coordenador, as primeiras são emissoras com o objetivo de transmitir programas educativos e culturais sem visar lucros. De acordo com ele, a rádio universitária tem divulgação exclusivamente educacional, cultural e de orientações profissionais. A julgar pelo próprio nome, conforme observa Galdioli, as universitárias estão presentes principalmente nas universidades, com uma programação alternativa, levando à comunidade informação, bem como programas culturais e educativos.
Para o vice-reitor Ricardo Dias Silva, a Rádio UEM FM consiste em um componente fundamental no sistema de comunicação da Universidade Estadual de Maringá. Como tal, leva informação e entretenimento de qualidade para população do Paraná, contribuindo para formação de pessoas, divulgação do conhecimento, da ciência e da cultura brasileira. “Comemoramos seus 25 anos com profunda admiração por sua história e entusiasmo com seu futuro”, diz.
Gostos variados
A UEM FM é reconhecida pela qualidade de sua programação musical e jornalística, levando conteúdo de excelência aos ouvintes de centenas de municípios. Estas particularidades inspiram outras rádios universitárias a buscarem parcerias com a emissora para trocar experiências.
Ela traz uma programação diversificada que procura atender gostos variados. Se o desejo for ouvir dicas de leitura e de autores, sebos, livrarias e tudo ligado a esta forma de comunicação, o programa certo é "Bibliofonia".
Se a intenção for receber orientações sobre saúde mental ou a importância do consumo de produtos orgânicos por exemplo, dois programas, conduzidos por profissionais e estudantes da área, trazem o que existe de novidades no assunto.
Cabe destaque também para o radiojornalismo, no ar de segunda à sexta-feira, levando informações de meia em meia hora. As notícias e entrevistas traduzem o que é feito no câmpus sede e nos câmpus regionais nas diversas áreas de conhecimento.
De resto, o ouvinte terá muita, mas muita música, de gêneros distintos, pois a UEM FM abre espaço para canções regionalistas, samba, forró e jazz, além dos gêneros eruditos, caipira e popular. Desde a inauguração, em dezembro de 1996, a rádio passou por modificações em sua grade e na estrutura física, para melhor oferecer qualidade ao público da emissora.
Elias de Paula, sentado (de barba), recebe visitantes na rádio (imagem antes da pandemia)
Mudanças
Em 2020, algumas mudanças foram implementadas na programação, desde a atualização da grade de músicas até a criação de um novo site da emissora. As novidades incluíram mais entrevistas com transmissão ao vivo também pelo Facebook, YouTube e Instagram, criação de novas vinhetas da própria rádio e vinhetas institucionais da UEM, além da inauguração do espaço "Café na Reitoria", com a participação do reitor e o vice, para falar das atividades da administração central, aberto às perguntas dos ouvintes.
Também foram criados os programas/live (a título de projetos de extensão), “O que tem na sua xícara?”, com a professora Sandra Sshiavi, por meio do Grupo de Estudos em Estruturas Coordenadas (GECor) e do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPA); “Justiça, Negócios, Finança e Cidadania”, com a professora Gisele Mendes, por meio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CSA); “Momento Agro UEM”, com a professora Adriana Pinto, por meio do Centro de Ciências Agrárias (CCA); “Br Cidades”, com a professora Beatriz Fleury Silva; e “Conversa Pensada”, lives da Pró-Reitoria de Ensino (PEN) retransmitidas pela rádio.
Além disso, outros novos programas surgiram, como o “Vivendo Maringá” (parceria da UEM com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá e Prefeitura Municipal/Ipplam); e “Pop Rock Internacioal”, com Fernando Sinfroni; e novos programas foram renovados ou reformulados, como o “Pátria e Querência”, com José Tavares; “Diálogo sobre Política”, com o professor Rafael da Silva; “Clássicos pela UEM”, com o maestro, pianista e professor Hideraldo Grosso; e “No Contexto do Samba”, com o professor Edson Arpini Miguel e convidados.
Um dos transmissores da UEM FM
Cerimônia
Discursos de exaltação sobre a importância da UEM FM, de sua relevância para a divulgação do conhecimento produzido pela instituição e o aspecto de democratização da informação que é peculiar a uma rádio, além de agradecimentos e entrega de certificados às pessoas que contribuíram e continuam contribuindo para a história da emissora, deram o tom da cerimônia ocorrida hoje (3) no auditório do Dacese.
Coordenador da UEM FM, Marcelo Galdioli lembrou dos colegas de trabalho e parceiros das comunidades interna e externa essenciais para a consolidação da rádio. Destacou o papel da ex-assessora de Comunicação Social, Marialva Taques, responsável ela estruturação da Assessoria de Comunicação Social (ASC), da UEM FM e da UEM TV, e enalteceu a confiança dispensada à rádio pelo reitor e do vice-reitor, Julio César Damasceno e Ricardo Dias Silva. Do atual assessor de Comunicação Social da UEM, Elias Gomes de Paula, à servidora responsável inclusive pela preparação do café da Reitoria (onde estão as instalações da UEM FM), Cleuza Caetano da Silva, Galdioli citou os nomes como forma de agradecimento. Falou também dos professores e pesquisadores que levaram seus projetos de extensão para a emissora, na forma de lives e programas.
Em férias, o assessor de Comunicação Social gravou mensagem em vídeo para falar da satisfação dele em acompanhar e participar da trajetória da rádio desde o início. Elias disse se sentir honrado pelo fato de ter ajudado a construir a história dos 25 anos da UEM FM.
O chefe de Gabinete da Reitoria, Alessandro Santos da Rocha, ressaltou a qualidade “exemplar” da programação veiculada pela rádio, que, segundo ele, consegue aliar entretenimento e educação. Na avaliação do professor, a emissora é fruto do empenho e dedicação dos servidores e servidoras da rádio, todas pessoas apaixonadas pelo que fazem. Conforme Alessandro, a UEM FM transmite programação de qualidade, um privilégio para toda a comunidade universitária, e tem a função de aproximar o ouvinte que está do outro lado.
O vice-reitor Ricardo Dias Silva discorreu sobre o carinho que tem pela emissora, além de ter lamentado a dificuldade da UEM na obtenção de recursos financeiros também para o pleno funcionamento da rádio. Uma das consequências disso é a falta de servidores. Na concepção do vice-reitor, esta realidade torna mais valoroso o trabalho dos servidores ainda na ativa.
Silva falou das novas ferramentas utilizadas especialmente com o advento da pandemia do novo coronavírus, como as lives, que, de acordo com ele, ajudaram a levar informação para quem estava atuando em teletrabalho ou estudando de forma remota. Disse não ter dúvida de que são as pessoas que constroem a rádio e comunicou que está pleiteando a isenção do pagamento do Ecad pela UEM FM e a possibilidade de a emissora poder ter apoio cultural como maneira de conseguir viabilizar algum recurso financeiro.
O reitor Julio Damasceno lembrou que na juventude conduziu um programa de rádio no interior paulista chamado “Balanço Modulado da Comunicação”. Ele afirmou que o rádio é o instrumento mais democrático não apenas pela facilidade de operá-lo, mas pela difusão que lhe é característico.
Damasceno salientou que a UEM FM oferece um serviço fundamental, que é levar conhecimento às pessoas por meio de uma linguagem adaptada, acessível. O reitor se recordou de uma visita que fez, em 2016, como pesquisador, a uma propriedade rural no noroeste paranaense, em que o dono fez questão de dizer que era ouvinte assíduo da emissora.
Para o reitor, o desafio futuro da UEM FM é trabalhar com a diversidade de pessoas, fazendo com que a produção chegue a todo este público e ainda o de continuar fazendo uma rádio com responsabilidade, imparcialidade e independência.